domingo, 28 de outubro de 2018

DICA - PLUGS ARTESANAIS








 Esta ilustração não faz parte desta matéria aqui postada


Fabricar seus próprios plugs e pescar belos exemplares de peixes com eles, sem dúvida é bastante agradável. Celso Narita, nosso leitor de Ribeirão Pires (SP) nos ensina sua técnica, com ilustrações de todos os passos. Mãos à obra!

1º Passo o “molde em cartolina”

2º Passo “o recorte na balsa”

3º Passo lixar, resina e o arame para prender os anzóis

Passo Se quiser com barulho, esferas, depois a pintura e o corte final

NOTA DA REDAÇÃO: Fizemos questão de reproduzir esta participação de nosso leitor Celso Narita, mostrando como fazer seus próprios plugs e pescar com eles. Deixamos de publicar o texto inteiro, já que as imagens acima dão uma perfeita idéia de como executar essa tarefa. Acrescentamos apenas um detalhe que ele aconselha: “como toque final, passar uma demão de verniz e, a barbela, ele usava caixinhas de fitas cassete”.  Este texto mostra como era a comunidade de pescadores amadores na época dos anos 90. Mostrar detalhes da pesca amadora sem qualquer objetivo senão o de participar. Bons tempos.

E mais: Essa era uma maneira de participar da revista de uma maneira mais intensa. Nós escolhíamos os textos - que eram muitos - e só publicávamos os que eram realmente de interesse publico.




Revista Aruanã Ed: 35 publicada em  08/1993



sexta-feira, 26 de outubro de 2018

DICA II - A LINHA CERTA










Em princípio, todas as linhas de monofilamento são iguais, já que são fabricadas a partir da mesma matéria prima. Nessa afirmativa, porém, algumas explicações devem ser dadas. Vamos a elas.



Pesca na água azul

É praticamente impossível dizer-se quantas marcas de linhas existem destinadas ao segmento pesca amadora. São diversas marcas dos mais variados tipos, no que se refere a cores, volume, diâmetros e libras. No caso de diâmetros e libras, o pescador menos avisado já comete erros quando quer comparar essas duas medidas, já que uma é medida de comprimento e a outra de peso. . Quantas vezes já ouvimos, por exemplo, a expressão: “20 libras é mais ou menos 0.40 milímetros”. Totalmente errada essa comparação, já que 20 libras é igual a 9 quilos e 72 gramas, e podemos ter uma linha 0.40 milímetros que agüente esse peso, bem como uma linha 0,20 milímetros que também agüenta esse peso. Portanto, primeira dica: não compare libras com diâmetro. Um outro erro bastante comum é quando se compra uma vara de pesca e, tanto pescadores como vendedores, afirmam: “é uma vara que aguenta 15/30 libras”. Novamente errado, já que a expressão 15/30 libras marcada na vara não significa que a vara aguenta essa pressão, mas sim (importante) que nessa vara devemos usar linhas nas classe de 15/30 libras, pois com linhas mais forte, por exemplo, estaremos comprometendo a resistência da vara. Como se vê, são muitas informações que, se não observadas, podem comprometer a nossa pescaria. Mas voltemos às linhas de monofilamento. 


Equipamento pesado
Quando se trata de linhas nacionais, ou seja, fabricadas no Brasil, vamos encontrar principalmente quatro fabricantes: Mazaferro, Manap, Equipesca e Olímpica, e talvez mais alguns que teimam em se esconder e não fazer publicidade de seus produtos. Dizer qual é a melhor marca fica difícil, já que todas elas são fabricadas de forma mais ou menos parecidas. Nos teste efetuados pela Aruanã, mostraram-se  em níveis semelhantes no que se refere à elasticidade, resistência, durabilidade,  diâmetros, embalagens, carretéis, etc. E, sem distinção, todas deixam a desejar, não no quesito qualidade, mas sim no quesito informação. Enquanto nas linhas importadas achamos embalagens modernas, impressas com não só o tipo da linha, mas com informações e dicas sobre a linha, nós recomendados, dicas sobre conservação, etc., nas nacionais encontramos a linha algumas vezes com embalagem e outras com o carretel somente; nada de dicas e informações, em qualquer dos dois casos. Numa conversa com um diretor de uma das empresas aqui citadas, ele nos falou que o custo é o principal problema no que se refere à embalagem, carretel, etiquetas adesivas e folheto de informações. 



Pesca de pacu no Pantanal

Pior que isso foi a informação que a linha para a pesca, na sua indústria, representa uma parte mínima em faturamento sendo que outros produtos são o forte da empresa em faturamento e mais: que a concorrência com as importadas é muito grande, que o contrabando atrapalha e muito, e mais outras desculpas. Podemos até aceitar esses argumentos mas jamais concordar, visto que os pescadores pagam pelas importadas, na maioria dos casos, preços duas  e até cinco vezes o valor das nacionais. Ora, se alguém paga por uma linha um valor tão alto, algum bom motivo deve ter, já que ninguém é louco para jogar dinheiro fora. Fora do Brasil é comum, em uma indústria de linhas, fazer-se pesquisas para o lançamento de uma nova linha. Essas pesquisas, depois de serem feitas em laboratório, são feitas em áreas de pesca, sendo as linhas exaustivamente testadas por... pescadores amadores. Com o resultado dessas pesquisas e suas modificações, a linha é então fabricada e lançada no mercado. No Brasil, são muitos tipos de linha e de todas as marcas. Quantas vezes o fabricante pediram opinião ou submeteram essas linhas a testes, por parte de pescadores, antes de lançarem o produto no mercado? De nossa parte, não só na condição de pescador amador, mas antes de tudo, como polarizador de opiniões somos, a resposta é...nunca. 


Apapá em linha 0.40 mm
 Pois bem, deixemos de lado esse problema, não sem antes dizer que, nas linhas importadas, seus fabricantes as fazem principalmente  para seu mercado interno consumidor e para os grandes centros consumidores, tais como Estados Unidos, Japão e Europa. Para nós, resta obter essas linhas e ver qual pode-se adaptar melhor à nossas condições de pesca. Portanto, ao comprar uma linha de pesca, verifique antes se a linha é a linha certa, seja importada ou nacional. Adote alguns procedimentos tais como: em que equipamento vamos usa-la no que se refere a molinete/carretilha ou varas, se a pesca será em água salgada ou doce, se de peixes predadores ou não, se a pesca é de praia ou costão ou ainda de mar aberto, se a pesca é nas imediações de pedras ou outros obstáculos, se a pesca é de categoria leve, média ou pesada, se os arremessos serão violentos ou não, qual o tipo de tração a linha irá sofrer, qual a resistência dela em comparação ao tipo de peixe e mais uma infinidade de posições. Só depois de pesar todos esses itens compre sua linha, seja nacional ou importada, pois com certeza, e isso independe do preço da mesma, sua pescaria será feita muito mais consciente e segue suas reais possibilidades.  



Pesca de piraputanga

Perder um peixe, ou mesmo não fisgar nenhum, pelo simples fato de estar com uma linha inadequada, é coisa de um passado distante, quando as opções eram limitadas em se tratando de linha de monofilamento. E a dica final: adote estas normas no que se refere ao tempo de uso de linhas de monofilamento, pois antes de chegarmos a estas conclusões, muitos foram os testes realizados, tanto com linhas importadas quanto nacionais. No uso em molinetes: Pesca no mar: 2 pescarias; Pesca em água doce: 4 pescarias. No uso com carretilhas: pesca no mar 3 pescarias; pesca em água doce; 5 a 6 pescarias. Depois de usar durante o tempo indicado, jogue a linha velha no lixo, literalmente. Não doe a linha para nenhum pescador ribeirinho, já que uma vez fizemos isso e, depois de algum tempo soubemos que esse pescador fabricou uma rede com nossa doação. Não jogue a linha nas águas de rios ou mar, pois a mesma poderá enroscar na rabeta de seu motor de popa ou de alguma outra pessoa, causando sérios estragos no equipamento. Coloque sempre linha na capacidade do carretel de seu equipamento, já que linha a mais ou a menos irá atrapalhar. E as linhas de pesca que não são de monofilamento? Existem sim, mas isso é uma outra conversa, que fica para uma próxima vez. Boa pescaria. 

Revista Aruanã  Ed:64  Publicada  08/1998

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - REDPESCA











Há muitos anos a Redpesca mantém sua tradição no mercado de artigos para a pesca. Vamos conhecer um pouco mais desta empresa e de seu diretor.

Marcus Vinicius e seu tucunaré 

Em 1950, em uma pequena loja na rua Mauá (SP) denominada de Matteoni e Giusepe, começaram as atividades do que viria a ser hoje a Redpesca, uma das maiores lojas no ramo de artigos para a pesca. Em 1986 adquiriu o nome definitivo de Redpesca, quando Marcus Vinicius Matteoni,, juntamente com suas irmãs Fabíola e Fabrícia criaram a atual empresa. Macus Vinicius é casado com Dª Márcia e tem três filhos: Bruna, 5; Rodrigo, 10; e Fernanda, 12. Seu pai Tomazo Vígilio Matteoni, já havia herdado do velho Matteoni, a loja de pesca que passou a seus três filhos. Desde o início a Redpesca sempre esteve localizada no bairro da Luz (SP). Marcus confessa ser um pescador amador inveterado e diz: “Esse é um vício hereditário, aprendido com meu avô em memoráveis pescarias na infelizmente ‘falecida’ Represa Billings”.  “hoje – continua ele – minha preferência é por pesca com iscas artificiais e meus locais preferidos são o Pantanal, a Bacia Amazônica, rio Paraná e represas do rio Grande e Paraná, com um destaque especial para Água Vermelha”. “Em pescarias de maré, gosto muito de Jaguaruna (SC) e Cananéia (SP), onde os peixes visados são o robalo, a anchova e o olhete. Gosto muito também de boas pescarias em praia e costumo faze-las na Ilha Comprida, em Iguape (SP)”. 


Marcus Vinicius Matteoni da Redpesca 

Perguntado se lembrava de algum peixe em especial, Marcus responde de imediato: “Foi um jaú de 63 quilos, fisgado no rio Coluene, com linha de mão e que deu mais de 40 minutos de briga”. Como alegria, o diretor da Redpesca cita que a maior delas é ver seu filho Rodrigo brigando com um peixe em pescarias que fazem juntos. Um outro ponto citado é saber que há muitos pescadores que estão criando uma consciência ecológica e esportiva nas suas pescarias. “Atualmente - diz ele – muito mais gente se preocupa em proteger os peixes e os locais de pesca”. Como tristeza, cita a pesca predatória com arrastão no mar, pois “para cada 20 quilos de camarão aproveitados, 150 quilos são destruídos entre alevinos e peixes de outras espécies. Isso trem que acabar”. Cita ainda, como tristeza, o estado atual da Represa Billings. A Redpesca trabalha no atacado e varejo e tem clientes em todo o Brasil, bem como na América Latina, e em especial no Paraguai, Bolívia e Argentina. Segundo Marcus, “o mercado esta se expandindo e nossa clientela demonstra isso através de bate-papos aqui na loja. Nossos preços são os melhores do mercado. Temos aqui na Redpesca mais de 8.000 itens, somente em artigos de pesca”. Para finalizar, eles diz: “Venha tomar um cafezinho conosco, vamos falar de pescarias e você poderá comprovar nosso padrão de atendimento”. O endereço da Redpesca Ltda. É: Rua Brigadeiro Tobias, 648 – CEP 0132, fone (O11) 229-4611 e faz (011) 229-4043 em São Paulo (SP).
NR: Os dados acima devem ser atualizados.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

ESPECIAL - ARUANÃ NA SUÉCIA












Rio Mörrum

A cidade de Svängsta fica no sul da Suécia, próxima do Mar Báltico. É uma pequena cidade às margens do rio Mörrum, que é o rio mais importante desse país. Nele, a pesca do salmão é a atração principal, com peixes de até 31 quilos (recorde). Registros mostram a pesca amadora praticada ali a partir do ano de 1243. Há cerca de cem metros da margem direita do Mörrum está localizada a fábrica da Abu Garcia, com suas modernas instalações. Pode ser considerada uma metalúrgica, porém em nada afeta as águas do citado rio. 

Museu da Abu Garcia
Salmões






















Nossa visita começou pelo museu da Abu Garcia, que está localizado nas instalações antigas da fábrica. Ali funcionava desde 1887 a AB Urfabrikem. “Ab” significa sociedade anônima (SA), e “Urfabrikem” significa fábrica de relógios, sendo então usada a sigla Abu para definir a marca. Nesse museu estão todas as máquinas originais, que fabricavam relógios e anos mais tarde, taxímetros, mostrando então que a Abu começou fabricando máquinas de precisão. Seu fundador, Henning Hammarlund, fundou a empresa em 1887, com o nome de Halda Watchmaking. 


Fábrica

Em rápidas pinceladas, podemos citar algumas datas importantes. Em 1920, Carl A. Borgström assumiu a direção da empresa, e em 1921 fundou a Abu. Em 1939, a Abu fabrica o primeiro molinete, e em 1941 a primeira carretilha. O nome original de tais equipamentos era Record, porém em 1952 as carretilhas passaram a se chamar Ambassadeur e em 1965 os molinetes receberam o nome Cardinal. Em 1969, a Abu começou a fabricar varas, e em 1979 adquiriu um distribuidor americano chamado Garcia, sendo que em 1984 mudou seu nome para Abu Garcia. 

Record, a primeira carretilha

Em 1991, as carretilhas passaram a ser montadas automaticamente em linha robotizada. Em 1993 saiu a primeira carretilha com corpo de alumínio, e em 1995 a OTG Outdor Technnologies – adquiriu a marca Abu Garcia. Essa empresa norte americana é também detentora das marcas Berkley e Fenwich. Na visita à fábrica acompanhamos as seis etapas de fabricação. Começamos pela estamparia das peças, passando depois para o setor de polimentos, e logo a seguir pela cromeação e cor, que é feita pelo processo eletrolítico. 

Linha de montagem manual

A fase seguinte é das engrenagens, com coroa e pinhão em bronze, passando então à montagem das carretilhas e molinetes. A maior parte é feita manualmente, sendo que as carretilhas do lado direito já estão sendo montadas em linhas automatizadas e robotizadas. Por fim, visitamos a seção de embalagens. A Abu Garcia fabrica hoje anualmente de 800 a 1 milhão de carretilhas e 2 milhões de molinetes, que após um período sendo fabricados fora do país, passam agora a serem fabricados novamente na Suécia. 

Computador a laser

Como detalhes, podemos citar que todos os furos feitos no corpo da carretilha são conferidos em um computador a laser, bem como eixos e peças internas. No setor de testes, verificamos que o desarme é acionado 50.000 vezes, e o freio 15.000 vezes. O guia-linha e o carretel ficam cem horas trabalhando, e as carretilhas marinizadas recebem água salgada vaporizada durante cem horas. Não é a toa, portanto, a qualidade dos produtos Abu Garcia. 

Lançamentos para 1998

Para 1988, podemos citar em primeira mão algumas novidades e alguns lançamentos, sendo que a carretilha Ultra Cast já está a disposição dos pescadores brasileiros. A carretilha Mörrum chegará brevemente; além dela, chegarão também as carretilhas C4 e Big Game. No setor de molinetes, foram lançados o Tournament e a série 50 da Cardinal. Para os amantes de fly, a Abu Garcia está lançando dois novos modelos de carretilhas: o Diplomat e a série 56. 


Bengt Olofsson, diretor presidente da Abu Garcia                                                       Henrik Rosencrantz   Björn Everman

Mas a grande novidade, que estávamos reservando para o final, é uma carretilha “anti-cabeleira”. Será lançada em abril de 1998, e realmente é um modelo revolucionário, onde fica impossível provocar uma cabeleira na linha ao dar um arremesso errado. Trata-se de um dispositivo (veja foto) em cima do corpo da carretilha que funciona como uma espécie de alavanca móvel, que é atravessado pela linha de pesca. Para os mais experientes no arremesso, esse dispositivo pode ser trancado, voltando a ser uma carretilha tradicional. 

Antonio , Henrik e Alexandre 




Protótipo da carretilha que impede a “cabeleira”


Para o pescador que não tem intimidade com o lance de carretilhas, esse dispositivo pode ser aberto, evitando a formação da cabeleira. Testamos esse modelo e podemos afirmar que torna-se impossível, faça o que se fizer nos lances, acontecer uma cabeleira. Finalmente, visitamos a seção de peças e consertos, onde todas as reclamações são atendidas. O gerente industrial deu-nos inclusive alguns conselhos sobre a lubrificação tanto dos molinetes como das carretilhas. 

Mapa da localização da Abu Garcia

Segundo ele, os pescadores devem lubrificar esses equipamentos com uma mistura de 50% de graxa e 50% de óleo mineral; para as engrenagens e na parte do eixo, deve-se utilizar somente óleo mineral. Aí está portanto, um breve relato sobre a fábrica da Abu Garcia na Suécia. Queremos agradecer a atenção com que fomos recebidos pelos senhores Bengt Olofsson (diretor-presidente), Björn Everman (relações públicas) e Henrik Rosencrantz (gerente para a América Latina). 

        O museu da pesca

Vai ainda um agradecimento especial ao Alexandre Mussi Fortes, diretor da Mustad do Brasil, representante da Abu Garcia em nosso país, que nos acompanhou em toda a viagem. Como novidades, podemos esperar este ano ainda uma redução nos preços dos equipamentos da Abu Garcia, o que vai tornar essa marca muito mais competitiva em preços, já que na qualidade a Abu Garcia é incontestável.
                                                  NOTA DA REDAÇÃO
Não podíamos deixar de citar uma visita que fizemos a uma estação de piscicultura e a um museu de pesca na cidade de Mörrum, junto ao rio do mesmo nome. 

O melhor pesqueiro do rio Mörrum

O que vimos pode ser descrito como impressionante. Para se ter uma idéia, nessa estação de piscicultura são criados e soltos por ano cerca de um milhão de alevinos de salmão. Na temporada de pesca é cobrada uma taxa de até 150 dólares por dia, de acordo com a qualidade de pesca do local, podendo o pescador levar para casa um salmão e duas trutas do oceano. Se pescar no sistema de pesque-e-solte, poderá fisgar quantos peixes quiser. No museu, encontramos toda a história do rio Mörrum, bem como dados sobre a topografia do rio, melhores locais de pesca, melhores iscas e o registro da primeira pescaria de salmão datada de 1243. Sem mais comentários...


Revista Aruanã Ed:60 Publicada em 12/1997


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

DICA - ATAQUE!






Todos os animais que se alimentam de peixes, sem exceção, engolem as peças pela cabeça. Para o pescador, esse procedimento dá ótimas dicas. Confira.


Cascudo

A razão principal para que a regra de engolir peixes pela cabeça seja seguida à risca por todas as espécies de predadores resume-se em alguns fatos bastante simples, mas de vital importância, já que assim procedendo, o predador conseguirá se livrar de certos “imprevistos” que pode lhe custar a vida. Ou seja: ferrões, espinhos, barbilhões, escamas e outros detalhes anatômicos um tanto indigestos que são comuns à maioria dos peixes, sejam eles de água doce ou do mar. No simples ato de observar uma ave ictiófaga em ação, por exemplo, veremos que sua preocupação maior consiste em primeiro pegar o peixe com o bico e prepara-lo de forma que, na hora engoli-lo, tenha condições de faze-lo pela cabeça da presa, evitando assim que haja qualquer atrito em sua garganta: assim procedem todas as espécies terrestres que se alimentam de peixes. 

Mandi

No caso de peixes predadores – apesar de na maioria das vezes esse ato não ser presenciado pelo pescador – não há diferença alguma, já que os predadores também procedem da mesma maneira que as aves para evitar possíveis problemas. Por várias vezes (é raro, mas não impossível) encontramos espécies de peixes, aliás grandes peixes mortos sem causa aparente, a boiar tanto em água doce como no mar. Se nos preocuparmos em olhar esses peixes, vamos perceber que muitas vezes o óbito se deu por estarem com peixes entalados na garganta, sendo que os ferrões da espécie engolida são responsáveis por mais de 90% dessas mortes. Ora, para um pescador amador consciente, a natureza está dando uma excelente dica a ser observada quando for iscar seu anzol com isca natural. 


A maneira correta de iscar iscas vivas ou mortas
 No entanto, esse ato envolve outras preocupações, pois as iscas naturais dividem-se em duas categorias: iscas vivas e iscas mortas. Ao usarmos uma isca natural morta, devemos começar o ato de fisgar com a entrada com a entrada da ponta do anzol sempre pelo rabo da isca, terminando com essa ponta saindo pela cabeça (veja ilustração). No caso de isca viva, além da preocupação de fazer com que o anzol fique na cabeça da mesma, devemos ter o cuidado de não mata-la para que ela não perca os movimentos naturais, pois ficará mais atrativa ao predador. Então teremos, no caso de utilizarmos pequenos peixes vivos, o cuidado de fisga-los pela boca ou pelo dorso, e jamais pelo rabo, pois desse modo tiraríamos seu movimento natural, já que ele se utiliza principalmente da cauda para nadar.


         Siri

Um outro exemplo bem característico se dá com o camarão e o pitu, iscas excelentes para a pesca do robalo e outras espécies. No caso desses crustáceos em especial, a maneira certa de isca-los será sempre na região da cabeça, e mesmo assim, no lugar certo. Em tempo algum iscaremos o camarão pelas costas, pois a vida dessa isca será mínima, já que estaremos rompendo seu intestino. Também não poderemos isca-los pelo rabo, pois dele se utiliza o camarão para nadar. Além do mais, mesmo que o camarão fique vivo e sem movimento, e ainda assim provoque o ataque de um peixe, lembre-se de que esse ataque se dará pela cabeça, ou quase. Explico: todo predador que ataca um camarão o fará de modo que ao engoli-lo, a isca entre em sua garganta dobrada e pelo meio. 

Bagre

O predador age assim porque o camarão e o pitu têm ferrões poderosos na cabeça, além de placas no corpo e na cauda que pode ferir sua garganta. Existem ainda outros exemplos e outras iscas, como siris e caranguejos. Neste caso, deveremos sempre fisga-los pela parte traseira de seu corpo, ou seja, entre as duas ultimas patas. Desse modo eles permanecerão vivos, e o predador irá encontrar o anzol muito mais rápido. Aliás no caso de siris e caranguejos essa observação poderá ser feita e comprovada a qualquer hora. Experimente pegar um desses animais na areia pela frente e veja como ele irá defender-se, mostrando ao atacante primeiro suas garras, que são sua defesa. Lá embaixo, no fundo das águas, quando vão ser atacados pelos peixes, eles guardam a mesma posição.  

Aves ictiófagas cabeças secas

Por experiência própria podemos afirmar que os peixes, após terem essas iscas na boca, arrumam-nas de modo que ao engoli-las, as mesmas entrem de lado e com as garras “fechadas”. Como se vê, com algum raciocínio poderemos melhorar e muito nossas pescarias no que se refere à maneira de iscarmos nossa isca natural. Um outro ponto a salientar é que não é necessário ter a preocupação de esconder a ponta do anzol. Tal prática, além de inútil, poderá fazer-nos perder a fisgada. Quer uma prova? Pois bem, a maioria dos pescadores que têm a preocupação de esconder a ponta do anzol “para que o peixe não desconfie” e, esquece do “cabo”, ou se preferirem, haste do anzol, que é muito maior do que a ponta e acaba ficando sempre aparente. 

Abotoado ou armau

Isso para não falar de chicotes ou empates de aço. Vamos agora falar de iscas artificiais. Como as iscas vivas, as artificiais também serão atacadas sempre pela cabeça, ou seja, fisgaremos os peixes predadores nas garatéias, principalmente quando estivermos usando iscas que “trabalham”, ou seja, aquelas que ficam se mexendo na superfície. No entanto, muitas vezes acontece de fisgarmos peixes justamente na ultima garatéia, ou seja, a do rabo da isca. Tal fato é facilmente explicável, pois ocorre na maioria das vezes quando o pescador está corricando de barco ou então recolhendo a isca após o trabalho. E mais, iscas que fisgam pela garatéia do rabo, em 99% das vezes, serão modelos providas de barbelas. Aí está portanto mais uma boa dica para o pescador amador testar e aproveitar em sua próxima pescaria.


Revista Aruanã Ed:47 Publicada em 10/1995