segunda-feira, 26 de novembro de 2018

PRESSÃO ATMOSFÉRICA! FEITA POR UM ESPECIALISTA






   Revista Aruanã Ed:01 Publicada em 06/07/1985


Devido às algumas publicações no Facebook, alias completamente falhas, resolvi publicar um artigo inédito no blog e pela primeira vez, digitalizando as próprias páginas da Revista Aruana, no original, para que não paire nenhuma dúvida. Foi na edição nº01, publicada em julho/agosto de 1985, quando a Revista Aruanã, foi lançada oficialmente. Essa publicação foi feita pelo Prof. Dr. Rubens Junqueira Vilella, professor de Meteorologia na USP (Universidade de São Paulo), Meteorologista chefe da primeira expedição brasileira a Antártica e meu colega nos jornais O Estado de São Paulo/Jornal da Tarde, onde ele tinha uma publicação sobre o tempo e condições climáticas.
  
COM DESENHOS DO PESSOAL DA ARUANÃ ORIENTADOS PELO AUTOR.


                   A primeira página da publicação original e ainda em Branco e Preto



             
          No inicio de minha Coluna de Pesca, eu publicava somente, além do assunto, um pequeno quadro com a Tábua das Marés (Porto de Santos) e a previsão de tempo para o final de semana. Essa coluna de pesca fazia um sucesso enorme, como demonstravam os números do jornal. Para minha sorte, tornei-me um bom amigo do Prof. Vilella (era dele a autoria da previsão do tempo) e trocávamos longos papos lá na redação. Seu interesse pela pesca era grande, apesar de pouco pratica-la.

     OS CALENDÁRIOS ABAIXO ERAM DADOS COMO BRINDES NAS LOJAS.
             “PREVISÃO DAS LUAS PARA A PESCARIAS ERAM ESTAS”:

Lua Nova neutra; Lua Cheia ótima; Lua minguante boa e Lua Crescente regular. E a Lua ruim, quando era????



Em uma de nossas conversas, contei-lhe que eu tinha dúvida qual seriam os melhores dias e condições climáticas para uma boa pescaria. A sorte foi maior, já que mencionei que eu tinha minhas pescarias (principalmente de robalos) marcadas por mais de 15 anos e comparando com as luas (era a moda na ocasião) não chegava a nenhuma conclusão. Tanto fazia, lua cheia, lua nova, quartos minguante e crescente e os resultados diferenciavam entre si. Alguns bons, outros regulares e muitos ruins, mesmo em luas e horários iguais. 


Ele me disse que marcava também há muitos anos, todas as suas previsões de tempo, cartas sinóticas e outros documentos. Surgiu então a idéia de compararmos os dias de pescarias com seus dias de previsões. Foi um verdadeiro achado e após um longo tempo de comparação, a única coisa que mostrava certa coincidência era a previsão atmosférica. Todas as boas e médias pescarias, aconteciam quando a pressão estava acima de 1010 milibares. Podia ser uma coincidência e então passei a pescar em dias com pressão alta e em dias com pressão baixa durante mais de três meses e os resultados confirmavam a nossa descoberta. Diante dos resultados, publiquei esse primeiro artigo no número 1 da Revista Aruanã e que agora transcrevo na digitalização original, que agora publico. Peço que o leitor leia e tire suas conclusões e faça suas próprias experiências a respeito. E a pressão influi tanto mar como na água doce.

NR: No que nos diz respeito, foi essa a primeira vez em que se falou de pressão atmosférica na pesca amadora no Brasil em revistas de pesca, já que esse assunto foi publicado em minha coluna no Jornal da Tarde, por volta de 1983/84.




sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ESPECIAL - O CLUBE DO BOLINHA








No Clube do Bolinha, menina não entra. Na pescaria, até há bem pouco tempo atrás essa era regra. Porém isso está mudando e muito. Confira.


Marilene e Edna na pescaria 

Nós sempre afirmamos que o pescador só tem duas opções para começar a pescar: ou é “hereditário”, quando começamos pelas mãos de pai, tios ou avós ou então, já adultos, quando levamos um novato e na pescaria ele pega um bom peixe. Pronto: o “vírus” da pesca entrava definitivamente em nosso sangue, quer por uma ou outra opção. No primeiro caso, enquanto nossas irmãs brincavam com bonecas nós, os meninos, éramos levados por nossos parentes para as primeiras pescarias.  Em nossa casa, na hora de mexer com os equipamentos de pesca, as meninas praticamente eram expulsas da sala, já que, além do ciúme do equipamento, mexer na tralha era “muito perigoso”, já que temos anzóis, iscas artificiais com garatérias etc., etc. E assim vamos vivendo e crescendo. Com o passar dos anos, já adultos, namoramos, noivamos e casamos. E aí começam os problemas, já que poucas mulheres entendem a nossa paixão pela pesca e de maneira alguma concordam em dividir o seu fim de semana com as nossas pescarias. Nessa encruzilhada emocional, temos duas saídas: ou se discute feio com as esposas, ou então... as levamos na primeira pescaria. 

Edna e o dourado

Aliás sobre isso, eu conheço um caso em especial de um amigo que viveu esse problema e resolveu levar sua esposa junto com ele na pescaria. Pensava ele, como me contou depois, que levando-a em pescarias “sofridas” ela não iria aguentar, já que, nas pescarias escolhidas (robalos), além de chuva, mutucas, borrachudos, pólvoras, pernilongos e outros “aliados alados”, esse pescador tinha ainda a seu favor ficar o dia inteiro no barco, levantar cedo, calor, lanches bem malfeitos, sol e pouco peixe. Imaginou ele que, após uma ou duas pescarias, ela iria dizer que não queria mais ir. E foi aí que ele se enganou. Pois bem, esse casal pesca há mais de vinte anos juntos e sua mulher, em todas as pescarias, dá um verdadeiro “banho” no marido no que se refere a entender de pesca, material, iscas, pesqueiros, pilotando e o que é pior: pega muito mais peixe que ele... A mulher hoje está pescando e muito. Sabemos, por exemplo, que existem grupos de mulheres que se organizam todos os anos e fazem suas pescarias no Pantanal, sozinhas.  

A pescadora Marilene

Ou sejam, fizeram literalmente duas turmas: os maridos vão em uma época e elas em outra. Pegam seus peixes, muitas vezes maiores no tamanho e na quantidade do que os dos maridos. E durma-se com um barulho desses. Recentemente estivemos no rio Cabaçal, matéria do roteiro desta edição. Nesse pesqueiro, de propriedade do Roberto Braga, uma surpresa estava nos esperando, já que lá estava a esposa do Roberto, a Edna, e uma sua amiga de nome Marilene, que segundo ele, são duas pescadoras fanáticas. Pois bem, essas duas mulheres saíam sozinhas em um barco com o piloteiro, com seu material e ficavam o dia todo pescando, interrompendo apenas para o almoço.  Na parte da tarde, saiam por volta das quatro horas e ficavam pescando até as dez horas da noite. E olhe que no Cabaçal estava frio e à noite vinha uma chuvinha fina, que desanimava qualquer um, menos as duas pescadoras. O piloteiro era quem sofria mais, já que pilotar de noite não era seu forte, e aguentar o tranco durante o dia também não era fácil. Da minha parte, confesso que ficava preocupado por estarem elas no rio durante a noite. O Roberto me sossegava, dizendo que eu ainda não tinha visto nada, já que isso e coisas piores era comum no dia-a-dia de sua esposa. 

                       A “nova” sócia do clube do bolinha

Só para se ter uma idéia dessa paixão dela pela pesca, contou-me ele que um dia, em companhia de alguns amigos, saíram para pescar e, como o barco estava muito cheio, não tinha lugar para ela. Pois bem; à noite, vinham eles voltando quando perceberam no escuro, que alguém estava dando sinal com um isqueiro. Rumaram naquela direção, e qual não foi a surpresa quando perceberam que era a Edna, que havia saído sozinha em um barco sem motor e sem lanterna, e que tinha vindo pescando de rodada rio abaixo, já que, segundo ela, “eles tinham que voltar e teriam que passar por ela”. Pois é, e muitos outros casos me foram contados, onde a paixão pela pesca fazia com que a Edna fizesse pescarias que muitos homens, com certeza, não teriam a coragem de fazer. Nessa pescaria no Cabaçal, inclusive, como me confessaram as duas mais tarde, tinham a intenção de “dar um banho” em mim e no Roberto. Felizmente, não conseguiram, já que a gozação iria ser brava. E o pior é que, pegando menos peixe que nós, começaram a dizer que o nosso piloteiro era melhor, que nós escolhemos as melhores iscas, que o material emprestado a elas era de segunda categoria, que os anzóis não estava afiados, que as varas eram muito flexíveis, que os molinetes estavam mal conservados, que o barco era ruim, que o motor falhava, etc. etc. 


Wilma da equipe Caraguá, campeã mundial

Isso ainda para não dizer que no jantar, após ficarem sabendo que tínhamos pego mais peixes. Ficaram emburradas (na brincadeira) e ameaçavam nos servir comida fria. Tudo isso, pegando a Edna como exemplo, é para dizer que o Clube do Bolinha já era. E tem mais: não há dúvida alguma que a mulher na pescaria tem mais sensibilidade, mais paciência, é mais silenciosa, mais observadora, mais delicada na briga com um peixe e, por incrível que pareça, somado todos esses itens, torna-se com o tempo, melhor pescadora. A nós “machões” absolutos, resta-nos pôr a barba de molho e começar a pescar cada vez melhor, já que, não vai demorar muito, serão elas, que estarão nos levando, ou deixando, nas próximas pescarias. Só para que não haja dúvidas dessa saudável competição, podemos citar que o Brasil tem dois campeões mundiais de pesca e pertencem a Equipe Caraguá, de Caraguatatuba (SP): a Wilma e a Eliana que ganharam esse título nos anos de 1988 na França e 1995 em Portugal. Alguém duvida que o Clube do Bolinha já era?

NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria saiu publicada na Revista Aruanã em agosto de 1998. Passados exatos 20 anos, vemos hoje, no Facebook, fotos de mulheres que pescam em clubes, ou por laser.  Premonição? Acredite quem quiser.


Revista Aruanã  Ed:64 - Publicada  08/1998

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - MESBLA NÁUTICA








A Dismar, Distribuidora Marítima, subholding da Mesbla S/A, é a empresa que cuida das atividades náuticas do grupo. O diretor superintendente da Dismar, Henrique L.S. De Button, é o nosso entrevistado desta vez. Vamos conhecer suas atividades.




Henrique L.S. De Button, carioca de Santa Teresa, tem 47 anos e é formado em Direito. Suas atividades no grupo vêm de muitos anos. Sob sua responsabilidade estão empresas muitos conhecidas do pescador amador brasileiro. Assim sendo, a Dismar reúne a Mesbla Náutica, que é a distribuidora dos motores Johnson em todo o Brasil, a Mariner (Norte e Nordeste) e a Promar, que distribui a Mercury em todo o país, além da Mercruiser, que são motores de rabeta vendidos em todas as lojas.  A Dismar tem hoje 21 lojas em todo o Brasil e conta com 3202 funcionários. Na rede de lojas, o cliente tem à disposição a linha completa de motores de popa e em todas as potências, e de todos os tipos das marcas citadas, embarcações, acessórios nacionais e importados, peças originais e assistência técnica especializada. Em todas as lojas A Dismar mantém oficinas próprias, de Manaus a Porto Alegre. Por sua vez, Henrique se considera antes de tudo um pescador amador, tanto de mar como de rios de água doce. No mar prefere pescar nos costões e em alto mar, de onde lhe vem a melhor lembrança, que foi a “briga” com um sailfish de 47 quilos fisgado em Cabo frio, no litoral do Rio de Janeiro. No Pantanal, onde tem a participação em um rancho no rio São Lourenço e sempre que pode vai pescar, as suas preferências são para a pesca do dourado com iscas artificiais, do pacu na batida e ainda do pintado quando faz pescarias à noite e apoitado. Cita ainda a pesca do tucunaré, feita também com iscas artificiais. Confessa-se ainda um ex caçador, quando a caça era permitida, praticando a caça de campo. Segundo ele, “pesca esportiva, é uma maneira de recarregar baterias e disciplinar idéias na cabeça”. 



“Eu praticava bastante a pesca esportiva, continua ele, “e cheguei a ir três ou quatro vezes por ano ao Pantanal, porém e infelizmente, no ano passado não deu tempo de ir pelo menos uma vez”. Sua paixão pela pesca esportiva vem desde criança, e suas principais alegrias nesse segmento são “curtir” o contato com a natureza, poder cuidar do meio ambiente e principalmente o papo com os amigos sobre a pescaria. Como tristezas, aponta a falta de respeito com o meio ambiente, o descuido de nossos mananciais, tal a falta de transparência das pessoas em questões ambientais e o mais grave, a falta de informações para as pessoas possam entender melhor sobre o meio ambiente. Perguntado se suas atividades trarão algumas novidade para o pescador amador, Henrique diz” “Nós estamos dando apoio total ao Consórcio Mesbla, que é uma forma do nosso pescador conseguir ter seu barco e motor de popa, com 25 meses para pagar. A cada dia que passa o Consórcio Mesbla cresce mais, e hoje já conta com 11º grupos, reunindo mais de 5.500 pescadores. E nos fazemos questão de entregar os produtos religiosamente em dia. Por outro lado, estamos com um projeto na empresa, já em andamento, de uma divulgação maior para a pesca esportiva, com vídeos, filmes, cursos de pesca e de Arrais, biblioteca e videoteca”. Para encerrar, Henrique faz questão de deixar claro que para a Dismar os clientes são as pessoas mais importantes do mundo e ele pessoalmente quer que seu cliente seja o mais bem atendido. Desde já coloca seu telefone principal à disposição dos usuários para qualquer sugestão, reclamação ou informações. Anote (021 494-3999, no Rio de Janeiro. (NR. a confirmar). “Se preciso, eu mesmo atenderei”, finaliza ele.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

ESPECIAL II - OS PEIXES DA NOITE













No manto negro da noite, abrigam-se muitas lendas e crendices. Na pesca amadora, como não poderia deixar de ser, a noite tem também seus mistérios, e dizem que até a lua tem influências positivas e negativas. Vamos a uma pescaria noturna.



Tucunaré: um dos raros peixes que não se pesca à noite

Quando se propõe a fazer uma pescaria noturna, de imediato o pescador pensa nos chamados “bagres”. Isto porque existe a crença de que pescar peixes de couro à noite é muito melhor. Em nossas andanças e pesquisas, chegamos a algumas conclusões que, se não verdadeiras por absoluto, nos dão pelo menos indícios de uma realidade diferente. A melhor de todas as teorias é seguinte: durante o dia, os peixes de couro, principalmente as grandes espécies, buscam os poços mais profundos do rio para se abrigar de possíveis predadores. Tal prática, usando-se de raciocínio lógico, nos diz que então, durante o dia, esses peixes estarão em locais determinados, e o que é melhor: em cardumes, sendo então mais fáceis de serem encontrados e fisgados. À noite, com a proteção natural do escuro, esses mesmos peixes irão se movimentar mais, ampliando então o seu campo de ação, não só ficando nos poços profundos, como também movimentando-se por outros locais do rio. Podemos calcular então que o encontro da isca do pescador com esses mesmos peixes estará mais difícil de acontecer à noite. Na prática, podemos afirmar que os peixes de couro se alimentam exatamente da mesma forma, tanto de dia como à noite. Apenas uma dica: durante a noite, nadam para procurar alimento; e durante o dia ficam em seus protegidos esconderijos, comendo as iscas ou “alimentos que passam”. Inevitável a pergunta: é melhor pescar durante o dia ou à noite? 

Robalo: na pescaria noturna use o sistema de corrico, já que a precisão de arremesso com iscas artificiais, fica prejudicada

Uma outra crendice absurda, e esta temos ouvido diversas vezes, principalmente de pescadores ribeirinhos e piloteiros, é que em noite de lua cheia e clara, os peixes não gostam de fisgar, pelo simples fato de que, com a lua eles “conseguem ver a figura do pescador”. Ora, ninguém irá contestar que o sol é muito mais claro do que a lua. Pensando nisso, já se pode parar de discutir, o que equivale a “gastar vela com mau defunto”. Mais uma vez, abordamos um ponto polêmico, pois nossa opinião é que a lua não influi absolutamente nada em nossas pescarias, tanto no mar como em água doce. Quando muito, diríamos que a lua influencia sim, nas marés, e estas por sua vez influem em determinados tipos de pescaria, tanto somente na movimentação da preamar ou baixamar. Em água doce, em nossa opinião, essa influência não existe. Evidente está que ninguém é dono da verdade, mas há uma maneira de comprovar a informação que damos. Comece a anotar todas as pescarias feitas, e após um período de um ou dois anos, pescando em todas as fases da lua, compare e veja a que conclusões irá chegar. E as espécies que podemos durante a noite? Para responder essa pergunta, seria mais fácil enumerar os “peixes que não fisgam à noite”, pois são muito poucos. Por exemplo, o tucunaré. Esse peixe à noite costuma parar junto a barrancos ou tranqueiras e ficar completamente imóvel. Dificilmente conseguiremos fisgar um tucunaré à noite. Junto ao tucunaré, podemos citar o apaiari, o jacundá e pronto. E não conseguimos mais lembrar de nenhuma outra espécie, pelos menos entre as que despertam o interesse do pescador amador. 


É possível pescar traíra de noite e de dia
Será muito mais fácil falar-se então de tipos de pescaria. Assim sendo, no mar podemos realizar pescarias noturnas em praias, costões e canais do litoral e alto mar. Qualquer espécie marinha que pescamos durante o dia, iremos fisgar também durante à noite nas modalidades citadas. Em alguns casos até, à            noite teremos mais facilidades para realizar nossa pescaria, com maior sossego, como é o caso da pesca de praia, onde por certo não haverá banhistas e surfistas a nos incomodar e atrapalhar. E assim sucessivamente acontecerá nos outros tipos de pesca em mar. Em pescaria noturna, devemos fazer algumas exceções, como é o caso da pesca com iscas artificiais, onde a precisão de arremesso fica então impossível de ser praticada. Porém, e isto é muito importante, se não podemos arremessar com precisão à noite, podemos sim corricar e ter êxito, por exemplo, na pesca de robalos. São de nosso conhecimento ótimas pescarias de grandes robalos feitas com iscas artificiais à noite, usando-se o sistema de corrico. As melhores pescarias desse tipo são em locais onde hajam portos e barcos. As chamadas “marinas”, onde os barcos ficam apoitados, são excelentes locais para corricar os grandes robalos durante a noite. De dia, pela excessiva movimentação de pessoas e barcos, a pesca fica mais difícil de ser praticada. Um local deve ser citado também, e que é um ótimo exemplo de bons resultados em pesca noturna, é o Canal de São Vicente (SP). Durante o dia, fisgam-se várias espécies de peixes, que também são ativas durante a noite. 


Bagre:  o “rei da noite” também fisga durante o dia

Vamos citar duas: a miraguaia e a espada. Durante o dia, a movimentação no canal é de deixar qualquer um louco. São barcos passando, gente mergulhando, pessoas andando pelas pedras e o eterno barulho na Ponte Pênsil. À noite, essa movimentação cai 90 por cento. Durante anos fizemos excelentes pescarias noturnas dessas espécies, e com certeza, com melhores resultados, muito mais calma e menos dissabores. Um outro bom exemplo são as pescarias feitas em represas do chamado “rei da noite”, o bagre, e que foram realizadas durante o dia. À noite pescamos em qualquer lugar, estendendo várias linhas pela margem afora. De dia, a pescaria é um pouco diferente, pois antes de pescar, vamos ter que localizar o canal do rio ou represa. Isso pode ser feito com bambu comprido ou então com uma linha provida de um peso na ponta. Embarcado, o pescador deverá ir tateando o fundo para descobrir o leito do rio, onde a profundidade será maior (NR: hoje existe o sonar). Os melhores locais para se pescar estarão nas curvas do rio submerso, ou então no melhor de todos, que é onde o rio começa a formar a represa. Devemos parar o barco lateralmente na margem do rio submerso e jogar nossa linha dentro do leito. Uma ou duas linhas serão suficientes. As melhores pescarias de bagres que temos noticias foram realizadas dessa forma e durante o dia. Quando falamos de bagres de represas, podemos dizer também que em rios, para as espécies como o jaú, o pintado, piraíbas e outras semelhantes, a regra é a mesma. 


A pesca da espada obtém melhor resultado à noite

Durante o dia vamos ter muito mais sucesso do que durante a noite. Depende apenas do pescador, a opção. Para finalizar, vamos discutir a pesca da traíra como exemplo, pois também este peixe é considerado peixe da noite. Normalmente a pesca à noite se faz com iscas de peixe e várias linhadas espalhadas pela margem, “esperando a traíra passar e fisgar”. Durante a noite toda, acordado, o pescador terá que ficar olhando as linhadas, iscas e peixes fisgados. Se em vez disso, o pescador quiser pescar durante o dia, a pescaria será totalmente diferente.  Ao invés de esperar o peixe, vamos de encontro  a ele. Munidos de varas simples ou de vara com molinete ou carretilha, vamos “bater” todo o pesqueiro atrás da traíra. Com isca natural devemos ficar batendo na superfície da água, atraindo então a traíra com o barulho produzido. Devemos bater insistentemente em locais junto a capim, tranqueiras e pedras, ou mesmo aguapés. Com isca artificial, o procedimento será o mesmo e as melhores iscas serão de superfície. Após pescarmos a traíra desse modo, vamos chegar à conclusão de que apesar de ser um peixe da noite, faremos excelentes pescarias e, muito mais produtivas, durante o dia. Finalizando, e isto sim é uma verdade a pescaria noturna dá ao pescador uma sensação diferente. Com a visão muito diminuída, teremos então mais aguçado um outro sentido, o tato. E teremos então a oportunidade de sentir, mais e melhor, o peixe fisgado em nossa isca. Fica a opção de escolha de pescar durante o dia ou à noite, de acordo com nossa disposição e vontade. Lembre-se apenas de que à noite, deve-se tomar precauções a mais e que tudo se torna um pouco mais difícil. Os peixes da noite, às vezes, dependendo do lugar e da pescaria, são excelentes para se pescar... de dia.E para demonstrar como tudo é apenas questão de interpretação pessoal, lembramos de nossa pescaria na Finlândia, onde o pessoal da Rapala categoricamente nos afirmava que o salmão “pegava” muito bem à noite. Só que onde estávamos era verão e o sol brilhava durante as 24 horas do dia!                                                  


 Revista Aruanã  Ed:29 publicada em 08/1992

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - RÉIA VÍDEO









A Réia Vídeos lançou há pouco tempo três títulos de fitas de vídeo sobre a pesca no mercado, obtendo sucesso imediato entre os pescadores amadores. Vamos conhecer um pouco mais dessa empresa.




Marco Antônio G.Ferreira, da Réia Vídeo

Marco Antônio G. Ferreira é o diretor e responsável pela Réia Vídeos. Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, tem 47 anos e é casado com DªSolimar Ferreira, tendo dois filhos: Marco e Carolina. Confessa ser, antes de tudo, um pescador amador e esportista. Durante muitos anos Marco Antônio trabalhou em telefonia e sistemas, e há algum tempo atrás, graças a um amigo que possuía uma produtora de vídeos, resolveu se dedicar a essa atividade, já que na época (1988) só existiam no Brasil fitas importadas sobre a pesca. Com sua experiência em pesca, somada à atividade da produtora, resolveram fazer o primeiro filme. Nasceu então o “Tucunaré”, que hoje conta com mais de mil cópias vendidas. Com o sucesso do primeiro vídeo, vieram logo após “O dourado”, “A Matrinchã” e o recente “Pesca esportiva no Pantanal”. Segundo Marco, suas pescarias preferidas são realizadas em regiões como o Pantanal, o litoral de São Paulo e em represas. Seus peixes mais lembrados são um dourado-do-mar, fisgado em Cabo frio e pesando 10 quilos; dourados no Pantanal com peso em torno de 8 quilos e um tucunaré fisgado na represa de Itumbiara que pesou 4,5 quilos. “A minha preferência em pesca amadora recai principalmente sobre as iscas artificiais, que são muito esportivas”, diz ele.




Marco Antônio e seus robalos.

Tem como principal alegria a recompensa de ter seus vídeos de pesca reconhecido pelos pescadores e ouvir destes palavras de incentivo ao seu trabalho. Como tristezas, cita o fato da crescente depredação em todos os locais onde filma ou simplesmente pesca. Perguntado sobre seu trabalho, Marco diz: “Eu faço vídeos de pesca porque é meu esporte favorito e o nosso mercado estava carente. O que era uma diversão passou a ser profissão e nada melhor do que trabalhar em algo que adoramos”. Para encerrar, Marco informa que estão em fase final as filmagens de dois vídeos: o Abc do Fly e a Pesca no Mar. O escritório da Réia Vídeos fica em São Paulo e o telefone para contato é (011)914-1326. O diretor da Réia Vídeos avisa as lojas de pesca de todo o Brasil e locadores que suas fitas no atacado têm preço especial, bastando que os responsáveis pelas mesmas entrem em contato com ele.


NOTA DA REDAÇÃO: A informação de endereço deve ser atualizada. E, isto não é difícil já que o “Marcão” ainda tem esses vídeos, reside hoje em sua terra natal, ou seja, Natal no Rio Grande do Norte e é um ativo participante do Facebook.