quinta-feira, 26 de setembro de 2019

ESPECIAL - MARÉS













Quando o pescador amador faz suas pescarias no litoral brasileiro tem como preocupação pescar nas melhores e mais produtivas marés. Mas em se tratando de um litoral com mais de 8.000 km de extensão, pode haver uma regra para todos os pescadores, no que se refere altura? A resposta é não. Descubra porque.


Maré no costão
Em se tratando de pesca no litoral, podemos citar algumas regras que, independente da região onde o pescador estiver, são exatamente iguais. Assim sendo, podemos afirmar que em pesca de praia ou costão, as varas deverão ter mais de 3,5 metros, as carretilhas ou molinetes deverão ser de tamanhos grandes (cabem mais linhas), os chumbos deverão ser do formato pirâmide ou assemelhados (agarram melhor na areia) e os anzóis obedecerão no tamanho as espécies pretendidas. Os rotores e os engates rápidos que já foi matéria na Revista Aruanã, poderão também serem os mesmos. As melhores iscas deverão ser as da própria praia em que se estiver pescando, somando-se ainda o camarão morto, e os filés ou toletes de sardinha, parati ou outros peixes. E, a regra final, a pescaria em praia e costões será sempre mais produtiva se executada na enchente da maré. 

Pesca de praia
Tudo isso é regra geral e pode ser usada em qualquer Estado do Brasil. Em se tratando de pesca em rios e canais, a coisa começa a complicar um pouco, mas ainda teremos regras gerais, tais como: se a pesca for de robalos, podemos afirmar que as varas para iscas artificiais devem ter no máximo 1.90 metros de comprimento, pouco flexíveis, a linha poderá variar entre 0.30 a 0.40 milímetros (dependendo do tamanho da isca) e os molinetes ou carretilhas deverão ser de tamanho pequeno ou médio. Nas iscas naturais, é regra usarmos-as sempre vivas, e de preferência camarões, pitus, sardinhas, paratis e amboré. Nesse caso, as varas serão um pouco mais flexíveis. 

Rio no litoral
Se pescarmos com boia, as varas serão de 2.10 metros de comprimentos, servindo também esse material para quem pesca de lances, no fundo. Os anzóis ficam a gosto de cada um, em seu tipo e tamanho. Outra regra é que na maioria dos rios e canais do litoral a pesca será sempre mais produtiva se for feita na vazante das marés. Isto é uma regra, guardadas algumas exceções. Já que em alguns rios (poucos) se pesca também na enchente da maré, pelo menos nas duas primeiras horas, até que pare de correr. Mas afinal qual será maré para se pescar em nosso litoral? É exatamente aqui que a “coisa” pega e que não existe absolutamente uma regra geral. 

Maré baixa no mangue
Senão vejamos. Vendo a Tábua de Marés, diríamos que no dia 12 de setembro de 1992, no litoral do Estado de São Paulo, a maré será excelente para a pesca de praia e costão. Essa afirmativa mostra que a altura e a “corrida” da maré são ideais para esse tipo de pesca. O exemplo mais abaixo mostra essa afirmação (Porto de Santos). Aí está portanto, uma maré ótima para a pesca em costões e praias no litoral paulista, pois a partir das 9 horas e 19 minutos a maré está na baixa mar com menos de 0.20 centímetros, sobe até as 14 horas e 54 minutos para 1 metro e 30 centímetros. É uma corrida excelente para esse tipo de pesca. E no resto do litoral brasileiro, seria o dia 12/9/92 também um bom dia para a pesca em praia e costão?

 Pois bem, vamos transcrever a maré desse dia em vários portos e que o leitor tire as suas próprias conclusões (Ver quadro ao lado). Como se vê, fica difícil fazer uma previsão para todo o Brasil de bons dias para a pesca, de acordo com a Tábua das Marés. Só Para se ter uma ideia, a diferença entre, por exemplo, o Porto do Rio Grande do Sul para o Porto de São Luiz é de 5 metros e 10 centímetros ma altura da maré. Aproveitando, queremos com isso demonstrar aos nossos leitores a total impossibilidade de se publicar a tábuas das marés para o ano todo em todos os Estados brasileiros.  Com certeza, isso iria ser maior de que o número de páginas de uma edição da Aruanã (NR: anos depois faríamos isso de uma maneira mais resumida). No entanto, para tudo se dá um jeito e em se tratando de pesca não poderia ser diferente. Assim sendo, após analisarmos todas as tábuas de marés, Estado por Estado, chegamos à conclusão de que, desde o Rio Grande do Sul até o centro do Espírito Santo, podemos tomar por base a mesma maré, ou seja, exclusivamente em pesca de praia e costões, podemos pescar nas chamadas marés grandes de lua cheia ou nova. Ainda para esses Estados, a pesca em rio e canais será melhor entre o terceiro e quinto dia das luas grandes já com a influência dos quartos minguantes ou crescentes.


Traduzindo essa maré, seria aquela que gira em torno de 1.30 metros na preamar e de 0.60 ou 0.70 na baixar mar.
 Em se tratando de nordeste e norte do Brasil, diríamos, com alguma margem de erro (o pescador deve pesquisar a respeito), que as boas marés para praia e costão ainda são as de lua grandes, evidentemente guardadas as proporções de desníveis de altura da preamar e da baixamar. 


Praia com costão

Nos canais e rios do litoral as melhores marés serão sempre as chamadas “marés mortas”, que se encontram em dias de quarto minguante ou crescente, quando a altura e a variação de “corrida” giram em média em torno de 1 metro da preamar para a baixamar. (NR: regra que pode variar na altura, porém a pescaria será sempre melhor quando a maré estiver correndo, na baixamar). 

Pedras em canal de mar

Finalmente, qualquer pescador amador poderá, em qualquer Estado do Brasil onde haja Capitania dos Portos da Marinha do Brasil, conseguir a tábua de marés de seu estado para todo o ano de 1992. Aliás, para a confecção deste artigo, nos valemos dessa tábua de marés, com as informações e cálculos da Marinha do Brasil.

NR: Atualmente essa informação da tábua das marés pode ser visualizada na “moderna” Internet. Os tempos mudaram, porém as dicas continuam as mesmas.

Revista Aruanã Ed:27 publicada em 04/1992

domingo, 15 de setembro de 2019

ILHA COMPRIDA - UMA MENTIRA VERDADEIRA??




Foto 01 – Olhando com mais cuidado esse folheto de publicidade, os peixes embarcados seriam uma piapara e um dourado? Na foto à direita não dá para ver qual peixe é.


Pode até parecer coisa do destino e até mau olhado, se é que isso existe, mas Ilha Comprida sofreu muito até se tornar um município independente. Foram anos e anos de luta inúteis e sem qualquer resultado prático. É isso que nós contamos nesta postagem que, no final acaba muito bem, por ironia do destino que lhe estava reservado. 

Foto 02 - O imposto para construir a ponte: inicio de cobrança: 30 de junho de 1986.

Pode até parecer coisa do destino e até mau olhado, se é que isso existe, mas Ilha Comprida sofreu muito até se tornar um município independente. Foram anos e anos de luta inúteis e sem qualquer resultado prático. É isso que nós contamos nesta postagem que, no final acaba muito bem, por ironia do destino que lhe estava reservado.
“Há cinco mil anos, quando se separou do continente, a Ilha Comprida, no litoral sul paulista, não era assim tão extensa, media cerca de 18 quilômetros. Como todas as demais porções de terra no Planeta, ela também sofreu alterações e hoje tem mais de 74 quilômetros de comprimento. (Net – Ambiente Brasil)”

Foto 03 – Começando a construção da ponte.

"O processo de ocupação da Ilha Comprida começou na década de 80, com a saturação da Baixada Santista – Santos, São Vicente, Itanhaem, Guarujá, Praia Grande, Bertioga. Na época a ilha pertencia ao município de Iguape, que a loteou toda para venda (Tese de Mestrado do geógrafo Wendel Henrique - Net)."
A partir destas publicações encontradas na Internet, começamos então nossa postagem com fatos que conseguimos apurar após o trabalho junto a antigo moradores que nos forneceram documentos que vamos publicando em seu teor. 

Foto 04 – O prefeito de Iguape Plínio, tenta justificar a cobrança do “imposto”.

Aqui na Ilha Comprida existe uma citação de que a Ilha – usada por muitos moradores -, sempre foi a “galinha dos ovos de ouro, e isso de pronto se percebe na frase de que Iguape a loteou para venda”. Nada demais essa colocação, já que a Ilha era apenas um bairro ou distrito da cidade mãe/Iguape. O consumo desses espaços foi como uma corrida ao ouro, e nem sempre - por pessoas/empresas que os vendiam – eram, digamos, a real condição e situação/localização dos lotes vendidos. Era muito comum ouvir frases de que alguns lotes, só seriam visíveis quando a maré vazava, e mesmo assim a determinar em qual onda da praia ele se localizava. 

Foto 05 – Mais uma vez o Prefeito de Iguape Plínio, “mata a cobra e mostra o pau”.

Conforme publicação (foto 09) eram vendidos principalmente pela empresa G2 Empreendimentos Godoy Ltda. com o Creci nº11.532 com sua sede em São Paulo – Capital. Existia ainda um cidadão, de relativa importância pessoal na cidade, que pegava seu carro e ia direto para São Paulo parando nas portas de fábricas, oferecendo lotes na Ilha Comprida a preço muito bons e confirmava de que iria ser o negócio de futuro. Muitos compravam assim, confiando no “honesto vendedor”. Esses eram aqueles que o seu lote comprado ficava visível somente após a maré baixar. Esse tipo de negociação deu má fama aos terrenos que aqui se vendia na época. 

Foto 06 – A última folha do carne: 15 de janeiro de 1992. Cinco anos pagando.

Atualmente ainda existem lotes que foram comprados, que tem proprietários e que ainda recebem carnês para pagamento dos impostos devidos pela Prefeitura da Ilha Comprida. A maioria os ignora, mas ainda de vez em quando aparecem nas Imobiliárias locais, alguns desses proprietários querendo saber ou localizar “seus lotes”, sendo então informados das condições deles e aconselhados, por alguns, a fazerem “dação” dos mesmos à Prefeitura. Percebe-se claramente que nas informações dos “corretores de então que, aqui seria o paraíso da pesca e o maior criadouro natural de peixes e camarões e mais, que seu terreno estaria localizado junto ao mar”. (foto 10). 

Foto 07 – Não dá para ver claramente se é uma maquete ou a ponte sendo construída.

Mais uma prova desses argumentos de venda podemos observar na foto 01, onde nos parece salvo engano, que os peixes seriam um dourado (Salminus maxillosus) e uma piapara (Leporinus elongatus) peixes estes somente encontrados em água doce. Olhando com mais cuidado, vamos ainda perceber, na foto do dourado, fica visível uma pequena corredeira atrás do barco. Talvez os corretores fossem bons vendedores, mas com certeza eram maus pescadores. No entanto, muitos compradores vieram e tomaram posse de seus imóveis, com compromisso de compra e venda registrados em Cartório construíram suas casas e passaram a morar na Ilha Comprida. É sobre estes que vamos comentar.

Foto 08 – Aqui o prefeito de Iguape Ariovaldo Trigo Teixeira apela “melosamente aos contribuintes”.

Para se locomoverem para o continente, eram obrigados a usar o serviço de balsa, que o governo estadual disponibilizou aos moradores. Essas balsas chegavam há demorar várias horas até que pudessem embarcar. Começaram então as primeiras conversas de um sonho em construir uma ponte, o que tornaria esse trajeto muito mais seguro e rápido. Com o início das obras de construção, quem usava o serviço de balsas conseguia ver um esqueleto de uma ponte feita até a metade. Ficou parada essa obra por mais de 16 anos e, por vários motivos tais como, embargos de meio ambiente, ações judiciais por falta de pagamento, etc.

Foto 09 – G2 Empreendimentos Godoy Ltda. , apela e muito para vender os “lotes”.

E o sonho começou a se tornar realidade, mas, com um detalhe bem simples: os moradores de Ilha Comprida teriam que pagar um imposto, feito em carnês, cobrados do ano de 1986 até 1992, conforme pode ser observado pelas fotos 02 e 06, de autoria da Prefeitura de Iguape, a título de contribuição de melhoria. Somente os moradores da Ilha Comprida é que tinham que pagar tal imposto. Os moradores de Iguape não, mesmo sabendo que, com a construção iriam usa-la à vontade: mero detalhe! Nesta parte da matéria somos obrigados a pedir ao leitor para verificar as fotos 04 – 05 de autoria do Prefeito Plínio Roberto Costa (já falecido) – e a 06, onde o Prefeito Ariovaldo Trigo Teixeira, faz um apelo aos moradores para que não deixem de pagar o tal imposto. 

Foto 10 - E tome propaganda mentirosa. Em vendas vale tudo?

Chega a emocionar os mais duros corações, tal apelo. E a ponte foi finalmente construída e inaugurada no ano 2000 com o detalhe de que foi criado um pedágio em Iguape em 1999, com leis dos prefeitos de Iguape e de Ilha Comprida, cujas primeiras cobranças foram totalmente destinadas ao pagamento da Construtora Tardelli S/A da dívida de Iguape. Esse pedágio vigorou até 2014, quando foi então extinto.
Depois de tantas incertezas, pagamentos, mandados judiciais e etc, finalmente Ilha Comprida teria sua ponte, sendo usada por todos os que aqui nos visitam. Há que se dizer ainda de que em 5 de março de 1992, data que marca a fundação da cidade, Ilha Comprida tornava-se independente e livre de continuar a ser apenas um bairro/distrito de Iguape. 

Foto 11 - Uma maquete da ponte feita pelo então prefeito Laércio Ribeiro (falecido em acidente no mar).

Porém os problemas não acabariam por aqui, já que mais uma obra seria inaugurada pelo Governador – na época – José Serra e chamada como a “obra do século” por alguns. Um desastre ambiental, que talvez demore sim um século para ser terminada e cumprir de fato, a justificativa de sua criação.  Mais outra notícia, não mais do que de repente, mostra que a Ilha Comprida é mesmo a galinha dos ovos de ouro, mas agora em benefício próprio e exclusivo:
A existência de petróleo na camada pré-sal em todo o campo que viria a ser conhecido como pré-sal foi anunciada e posteriormente confirmado pela Petrobras em fins de 2006. Em 2008 a Petrobras confirmou a descoberta de óleo leve na camada sub-sal e extraiu pela primeira vez petróleo do pré-sal. Os royalties de petróleo são os valores em dinheiro pagos pelas empresas produtoras aos governos para ter direito à exploração. SALVE ILHA COMPRIDA E SEUS 74 KMS DE EXTENSÃO DE SUAS PRAIAS. (que recebe esses “petro dólares”).

Um agradecimento em especial a Luiz Massalli que tinha em seu acervo pessoal, todos os documentos aqui mostrados. Muito obrigado.


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

DOCUMENTO - BARRAGEM DE IGUAPE - UM DESASTRE AMBIENTAL ULTIMA PARTE




Crime ambiental é pouco para dizer o que o Governo do Estado de São Paulo, está fazendo com a cidade de Ilha Comprida. O Valo Grande ou Mar Pequeno, sendo aterrado com os resíduos do rio Ribeira, Manguezais morrendo com os Aguapés, animais mortos boiando, destroços de árvores de todos os tipos, detritos vegetais, defensivos agrícolas, metais pesados como mercúrio e chumbo (que chegam a durar centenas de anos), águas barrentas durante grande parte do ano, impedindo a pesca amadora (principal fonte de turismo), ausência de desova de peixes, crustáceos e moluscos. Essa é a realidade de uma pequena cidade do litoral sul, em pleno século 21.




Barcos com redes de "emalhar" na praia 

Existem leis que proíbem pesca artesanal/profissional nessa distância da praia. Mesmo assim, sabendo da ineficiência da fiscalização, eles pescam e muito nessa zona proibida.

Perigo das redes na praia junto a crianças surfistas

Foto mostrada a um ex comandante da Polícia Ambiental que assim se expressou sobre ela: “essa ação não é crime ambiental, mas sim crime policial. 



Moitas de mato trazidas pelo rio Ribeira

Herança da Barragem de Iguape. 



Assoreamento das praias: casas destruídas (Balneário Ponta da Praia)

Nessa imagem de uma casa que acabou desabando, podemos visualizar colunas com armações de ferro. Muitas dessas colunas estão nas praias da região norte da Ilha Comprida, oferecendo perigo de vida aos que nelas se banham, pois os ferros dessas colunas estão a descoberto. Dificilmente alguém arrasta redes nessa região, e quando muito armam redes, o que é “proibido” por lei. Seria conveniente placas de aviso desse perigo ou mesmo a interdição das mesmas pelo Corpo de Bombeiros.


Praias sujas com vegetação

Dezenas de quilômetros de praia são afetadas por essa sujeira que passa pela barragem.

Valo Grande fechado com Aguapés

Até onde a água doce trazida pelo rio Ribeira de Iguape alcança, é este o espetáculo. São aguapés, e no meio deles temos bananeiras, capim de várias espécies que crescem e se fortalecem talvez, com a adubação proveniente das plantações de bananas rio acima. Com as grandes marés, o rio represado pela força das mesmas sobe em altura. É quando então, várias moitas desses vegetais se soltam e caminham na baixa-mar, para as praias de Ilha Comprida, onde morrem devido à água salgada.

À esquerda as dunas da Praia do Norte. À direita o mar e a praia aterrada. Na ressaca, destruição da estrada interditada.

Essa é a Av. Beira Mar, no trecho da Ponta Norte. Pela falta de recursos, que devia ser de obrigação do governo de São Paulo restaurar, a Prefeitura de Ilha Comprida, usa então, cascalhos de ruas e das casas que caíram para o reparo. Esses consertos duram exatamente o tempo do intervalo até a próxima ressaca. Essa estrada hoje está interditada, e o desvio para "ainda" alguns moradores, passa o trânsito pelo meio das dunas. Mais um desastre e crime ambiental.

Mais destruição na Praia do Leste

Segundo antigos moradores a areia da praia neste local tinha até o mar, mais de 150 metros de extensão. Ao fundo ve-se a abertura ou a junção (ondas) do Mar Pequeno e do rio Ribeira, com mais de 800 metros de largura. A direita é a Ponta Norte da Ilha Comprida, local onde não há mais habitações. 



Saída da Barragem

Com 18 comportas abertas dia e noite, restou ao Mar Pequeno receber o rio Ribeira de Iguape, em quase sua totalidade de águas. Pouco a pouco a destruição deste berçário de desova de peixes e manguezais, afastou toda a fauna marítima, além de aterra-lo com milhares de toneladas de sujeira e moitas de aguapés que se movimentam em direção as praias de Ilha Comprida.

A famigerada Barragem (vista de frente)

Uma obra que começou com muitos discursos, e citada por alguns políticos como a obra do século. Tinha prazo de 12 meses para sua conclusão. Está semi acabada até hoje. Século 21 ano 2019,  semeando destruição em toda a Ilha Comprida.


Pescadores nos córregos da Av.Beira Mar

A praia está a menos de 50 metros de onde pescam esses pescadores. Eles aqui estão fisgando pequenos paratis, robalos de pequeno porte e até tilápias. Perguntados por que escolhem esses locais para pescar ao invés do mar a resposta e simples e rápida: Aqui dá peixe e não tem enrosco e nem sujeira. Na praia não se pega nada.


“Opção” de pesca

Difícil de acreditar que com o mar tão próximo, esses pescadores preferem pescar nos córregos que margeiam a Av.Beira Mar.
Dezenas de barcos arrastam redes para camarão, durante às 24 horas do dia.

A ação dos barcos de arrasto de camarão acontece durante às 24 horas do dia. Quem passeia pelo calçadão da praia a noite é comum avistar-se os barcos em ação, identificados pelas pequenas luzes a bordo. Alguns chegam a menos de 200 metros da arrebentação o que é proibido por lei. Em vários países do mundo, existem os chamados “arrecifes artificiais”, que são estruturas feitas com pneus, concreto e até mesmo barcos antigos e fora de uso que são fundeados nos locais e se tornam abrigo e desova de várias espécies de peixes, e impedindo esse tipo de pesca. Infelizmente vários ambientalistas se manifestam contra esse tipo de defesa que, na opinião deles, iria prejudicar e tornar perigoso o mar nesses locais. São imbecilidades como essas que estimulam a pratica de pesca predatória. Para se ter uma ideia podemos afirmar que em 50 quilos de arrasto, a captura de camarões não chega a 3 ou 4 quilos. Em compensação, várias espécies de peixes, moluscos e crustáceos são mortos e jogados fora como lixo. Essa ação predatória revolve o fundo do mar, na chamada “camada de lama”, onde muitas espécies de peixes desovam. Essa prática é comum em todo o litoral paulista.



A esquerda/direita a movimentação de terra entre  o Mar Pequeno e o rio Ribeira. Imagens Google.

Desde o ano de 1976 até o ano de 2000, percebe-se a caminhada da areia que separava os dois vertedores de água no mar, na chamada Praia do Leste. Fica impossível calcular, o quanto dessas terras e areias, foi depositado nas praias da Ilha Comprida. No entanto, com a rasura das praias na Ponta Norte da Ilha, a entrada do mar com ressacas destruiu casas e estradas. Esse aterramento continua e continuará caso alguma obra de proteção não seja feita urgente. Ao longo da Av. Beira Mar – artéria principal – são muitos os locais aonde o mar ressacado já chega.


A água que sai do rio Ribeira e do Mar Pequeno. A maior parte da água barrenta vem pelo Mar Pequeno. Imagem Google

Como se observa nesta imagem, a esquerda está o Mar Pequeno. O rio Ribeira está à direita. A vazão da água barrenta pelo Mar Pequeno chega a 70% de toda a água que passa pela barragem.

A caminhada do rio Ribeira e do Mar Pequeno mudando totalmente a topografia. Imagens Google

Essa caminhada além de mudar a topografia da área, levou toneladas de areia para o mar, destruindo muitas casas no local. Hoje, continua a desbarrancar e agora além de casas, inúmeras árvores, estão sendo destruídas. No local há um barranco com cerca de 4 metros de altura, e em uma maré mais forte, os desabamentos são contínuos.

Pousada Filhas do Sol que o mar destruiu.
Pousada Filhas do Sol, 280m2 de área construída. Valor aproximado hoje de  R$500.000,00. Avaliação de algumas Imobiliárias da Ilha Comprida, com pequenas diferenças. O mar levou de graça!



Água barrenta passando pela barragem aberta

O que esperar da qualidade de uma água que tem 23 cidades rio acima, e que a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, afirma terem estações de tratamento de águas residuais (esgotos), porém em apenas 1/3 da rede, como é o caso de muitas delas, inclusive Ilha Comprida? E as águas usadas para defensivos agrícolas nas plantações de bananas, que com as chuvas e as enxurradas trazem ao rio Ribeira toda uma gama de venenos, sendo que vários deles estão proibidos em muitos países?


O pedágio onde durante muitos anos, foi cobrado o valor de passagem para Ilha Comprida. Extinto no ano de 2014.

Muitos turistas pagaram durante anos esse pedágio para chegar à Ilha Comprida. Porém, “um jeitinho à brasileira” foi então criado. Muitos que alugavam casas e mesmo as pousadas copiavam uma – por exemplo – conta de água ou energia elétrica e ao chegar à guarita mostravam a tal conta, passando-se por morador, e passavam gratuitamente. Essas cópias eram fornecidas pelos "locadores".




O recibo de pedágio, foi criado para ser cobrado aos veículos que usavam a ponte do Mar Pequeno, que construída, serviam aos munícipes da Ilha. Foram criadas duas leis, a saber: Lei nº284 de 08/11/99, criando uma empresa Bi Municipal promulgada por Décio Ventura prefeito da Ilha Comprida, para acabar de pagar a construção da ponte, obra da Construtora Tardelli S/A. Do lado de Iguape, o prefeito Jair Yong Fortes, cria pela Lei nº1554/99 a sua empresa Bi Municipal, para tornar a cobrança do pedágio dentro da legalidade. Só que há um pequeno detalhe nessas duas empresas: A Ilha Comprida usava os recursos do pedágio para poder acabar de pagar a construção da citada ponte. Após o pagamento e quitação junto a Construtora Tardelli, que a bem da verdade diga-se que essa dívida era de Iguape e não da Ilha Comprida. A ponte foi inaugurada no ano 2.000.  Iguape continuou  com a cobrança do pedágio, sendo então dividido os lucros líquidos do mesmo em 50% (Cinquenta por cento) para cada município. Essa cobrança durou um bom tempo, ou seja até meados de 2014. Nesta afirmação há controversas, já que alguns desmentem, outros dizem ser verdadeira. A LEI Nº 337 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2.000 de autoria da Prefeitura de Ilha Comprida esclarece as dúvidas a respeito.
                                                                                                                                                





Hoje em dia fala-se muito em proteção do meio ambiente. Fica uma dúvida: será que o Ministério do Meio Ambiente, instalado na Esplanada dos Ministérios lá em Brasília sabe o que significa a Barragem do rio Ribeira de Iguape? E os candidatos a cargos do executivo/legislativo paulista, que vieram fazer seus discursos prometendo o fechamento da barragem – que não cumpriram, mas foram eleitos – junto a Barragem de Iguape, lembram-se de tais promessas?

Foto diurna da ponte, com o pedágio em Iguape que foi cobrado durante anos.

Frequentador de Ilha Comprida há mais de 45 anos, lembro com saudades das grandes pescarias, tanto de praia como no Mar Pequeno, feitas nesse período. Em qualquer das modalidades praticadas o resultado das pescarias era de muito sucesso. Não importa agora dizer esses resultados. Importa sim, e muito mostrar a verdade sobre o que virou Ilha Comprida após a “Obra do Século” que viria a ser denominada a Barragem de Iguape. Nesta postagem a verdade nua e crua se apresenta e mostra o quanto nossos políticos nos enganaram e não tomaram providências para que este caos não se efetuasse, como de fato o foi. Quantas mentiras, ações nefastas, destruição de nosso meio ambiente, prejuízos a população de Ilha Comprida, enfim um desastre total de autoria do Governo do Estado de São Paulo, “o estado mais rico do Brasil”.
Durante cinco anos estudei, investiguei e publiquei boa parte do que ia conseguindo descobrir sem a ajuda de ninguém. Algumas pessoas que guardo na memória davam risadas quando eu tentava justificar - como jornalista profissional – ser esse meu trabalho. Completos idiotas como agora se revelam. A grande maioria de nossa população simplesmente “acostumou-se” com o desastre ambiental que dia a dia crescia e cresce. (O Governo do Estado de São Paulo já foi julgado em 2ª Instância.) Fazer o que, muitos me disseram? Finalmente cheguei a muito “segredos” que se revelaram com as investigações, e com a ajuda de uma pessoa que vou citar no fim desta nota. Para se ter uma ideia de como o Governo de S.Paulo é prepotente e pouco liga a aplicar os seus recursos, que são oriundos dos nossos bolsos, vou citar mais um exemplo: Recentemente uma ressaca destruiu mais de 1 quilômetro de tubulação de água da Sabesp, deixando a Ponta Norte de Ilha Comprida mais de 6 dias sem qualquer água, até o conserto da mesma. A irresponsabilidade é tanta que pouco importa o que é gasto em reparações. Ainda falando sobre a Sabesp obtivemos informação que a Barra do Ribeira deposita seu esgoto diretamente e sem tratamento no Mar Pequeno. Quanto a cidade de Iguape, somente o centro da cidade onde há tubulação o esgoto é tratado na estação de tratamento em Três Barras. O resto do município não tem tratamento. No entanto, o maior prejudicado - como sempre - é o município de Ilha Comprida, que poderia ter sua única opção de turismo que é a pesca amadora. Muitos seriam os pescadores que aqui poderiam fazer o seu lazer mas, devido as circunstâncias preferem ir a Porto Cubatão ou Cananeia.  
Fechando a barragem já que está tudo pronto, faltando apenas o guindaste para colocar/abrir os "stop logs" no caso de uma grande enchente, como acontece na cidade de São Paulo com seus "piscinões". Isso feito a água salgada voltaria a entrar no Mar Pequeno, destruindo com isso os aguapés e outras vegetações e estariam salvos o que resta de mangues e a volta de peixes seria imediata.
Fiz uma pesquisa de quem era a favor e contra o fechamento da Barragem de Iguape. São estes os resultados:
A FAVOR: O Prefeito Geraldino Jr. de Ilha Comprida; a Câmara Municipal de Ilha Comprida; A Câmara Municipal de Iguape, resultado abaixo:

Sobre o fechamento da barragem do Valo Grande, segue abaixo a opinião de cada vereador:

Vereadores Favoráveis ao fechamento:
Josemar-PSB; Alexandre Macau-PSB; Christian Forati-PSB; João Carlos-PSDB, Maria do Carmo-PDT e Walter Borges-PSL. = 06

Vereadores Contra o fechamento:
Rogerio Ribeiro-REPUBLICANOS; Zezinho-PC do B. = 02

Vereadores que se abstiveram ou não se manifestaram:
Tanaka-PSDB; Dico-PROS; Clayton-REPUBLICANOS; Benilto-PSB; Beto-PSB. = 05

Clayton Negri

NEUTROS: O Prefeito de Iguape, que mesmo marcando uma reunião antecipadamente comigo, não compareceu. Fui atendido pelo seu Chefe de Gabinete Célio Paulo de Lima Jr. ,que não soube informar a posição de seu chefe Wilson Almeida Lima, também conhecido pelo nome de Wilson do Ibama, nome usado na ultima eleição (2016) a qual venceu democraticamente.

Finalmente o agradecimento a Marcos Martins de Oliveira que trabalha no Gabinete do Prefeito Geraldino Jr. O que esse amigo e irmão ajudou na elaboração final desta postagem, não temos como mensurar. Que Deus o abençoe. 

Em tempo: Eu comecei essa investigação em 2015. Fui informado de que há um trabalho do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mostrando, agora por acadêmicos, e publicado em 2017. Muito trabalho me pouparia se tivesse dele conhecimento antes. Apesar de que nele há muitas "coincidências" como o nosso. Para os mais detalhistas passo de como chegar até ele: Coloque na procura do Google: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO após isso coloque Baixar Download de galoa-proceedings--sbsr--59597 (1).pdf Leia atentamente e veja se alguém pode desmentir um trabalho desses. 

NOTA DA REDAÇÃO: Encerro dizendo que nunca mais, profissionalmente, tocarei neste assunto, a não ser no dia do fechamento dessa obra imbecil, e de uma burrice e incapacidade extrema. Fiz o que estava a meu alcance fazer, restando apenas que o Governador de São Paulo João Agripíno da Costa Dória Jr. cumpra com o seu dever, bem como candidatos que se elegeram a cargos políticos, cumpram com suas promessas de campanhas. Finalmente, se a Barragem for fechada - já que está tudo pronto - a água saldada tomará conta do Mar Pequeno e por si só, matará todos os aguapés e outros vegetais, voltando também a vida marinha no estuário, conservação dos manguezais e o turismo, que é a única opção para a Ilha Comprida.