quarta-feira, 27 de maio de 2020

PESQUISA ARUANÃ SOBRE O PANTANAL





Na edição 71 (pág.50/51) da Revista Aruanã, fizemos uma pesquisa onde algumas perguntas foram feitas aos pescadores. Temos agora o resultado da pesquisa. Confira.

Fotos meramente ilustrativas – Arquivo Aruanã


No resultado da pesquisa realizada por nós da Aruanã, recebemos 328 respostas, entre cartas, e-mails, telefone e até pessoas que vieram pessoalmente aqui na redação. Confessamos que alguns itens nos surpreenderam, pois não esperava-mos tais respostas. Vamos comentar então esse resultado e também algumas das respostas enviadas.
1º - QUANDO ACONTECEU SUA PESCARIA NO PANTANAL?
Nesta questão, a grande maioria (785) respondeu entre os meses de julho e outubro. E segundo os entrevistados, essa época foi a escolhida “porque achavam que era a melhor época”.
2º EM QUE REGIÃO ELA ACONTECEU?
A grande maioria respondeu que foi na região centro, ou seja Corumbá com 48%, ficando a região Norte (Porto Jofre, Cuiabá, Cáceres) em segundo lugar. (Porto Murtinho), com 20%. Neste ponto, há explicação de que Corumbá é a região onde há maior infra-estrutura para atendimento dos pescadores, pois é muito maior o número de barco hotéis, e hotéis pesqueiros, além de vôos diários para a própria cidade. 


Na região norte, percebe-se que, se existem maiores áreas, existe uma infra-estrutura menor e pouco divulgada, além de que as distâncias dos grandes centros (Cuiabá) até os locais de pesca são longas e com algumas estradas em péssimo estado de conservação. Nessa região ainda, cerca de 16% dos entrevistados disseram que preferiam acampar. Na região sul (Porto Murtinho), o maior problema é a distância de um grande centro servido por avião (Campo Grande), cerca de 500km, mas a estrada é boa, pavimentada e com bom acesso. Há também pouca divulgação da região. Neste caso, no que se refere a acampamento, apenas 3% costumam pratica-lo.
3º - VOCE PESCA EM BARCO HOTEL OU HOTEL PESQUEIRO?
A resposta aqui não surpreendeu, já que foram bem parecidas, ficando os hotéis com 45% e os barcos-hotéis com 41%. A diferença de 14% ficou por conta de acampamentos, ranchos de amigos, barcos de amigos e até quem se hospedou na cidade de Corumbá e alugava pequenos barcos para suas pescarias.


4º - COMO ESTAVA O NÍVEL DA ÁGUAS?
A grande maioria esmagadora de 94% respondeu que o nível das águas estava baixo. Nada a estranhar, já que não houve cheias no Pantanal no ano passado.
5º QUE ESPÉCIE DE PEIXE VOCÊ MAIS PESCOU?
A resposta aqui fica mais dividida, já que dependeu muito da região e da época onde aconteceu a pescaria. Mas mesmo assim alguns números nos chamaram a atenção. Pintado/cachara foram os mais pescados, mas a grande maioria solta por não atingirem o tamanho mínimo: também foram citados pacu, piavuçu, dourado e bem abaixo da média, jaú.
6º QUAIS FORAM AS ISCAS MAIS USADAS?
A grande maioria (87%) respondeu que foram iscas naturais, apesar de muitos desses pescadores terem na tralha iscas artificiais, mas ainda prevalece o mito de que “as iscas artificiais com garatéias” são proibidas. O que é um grande engano, já que as leis permitem o uso de iscas artificiais.


7º HOUVE PROBLEMAS COM A FISCALIZAÇÃO?
Mais uma vez, a grande maioria (79%) respondeu sim a esse quesito nas três áreas por nós perguntadas. Responderam também que, em muitos casos, a “velha e boa cervejinha” na mão do fiscal quebrou muitos “galhos”. Isso é um problema que chega a ser vergonhoso, pois o pescador, dentro de seus direitos, não precisa comprar ninguém. Outra grande reclamação refere-se a Mato Grosso do Sul: a cobrança de ICMS sobre o peixe cobrado por pescadores.
8º - HOUVE PROBLEMAS NOS PESQUEIROS, TAIS COMO HOSPEDAGEM,                           ALIMENTAÇÃO, ISCAS, BARCOS E PILOTEIROS?
Nesta pergunta foram muitas e diversas as reclamações. Na hospedagem, reclamou-se de troca de roupa e toalhas do quarto, ar condicionado, comida, limpeza e barulhos de outros hospedes. Nas iscas, poucos reclamaram da qualidade, mas muitos reclamaram dos preços. 


Sobre barcos houve também reclamações sobre seu estado de conservação, limpeza, salva-vidas inadequados ou estragados, motores de popa mal conservados (demoravam demais a “pegar”). Finalmente piloteiros: poucos acharam os mesmos mal educados e desatenciosos: muitos achavam que ao apoitar o barco, ficavam com os melhores lugares para pescar, usavam a tralha dos pescadores, bebiam e fumavam por conta dos mesmos pescadores e “pareciam desconhecer” os melhores pontos de pesca. Neste ponto, quando o pescador reclamava com o dono do pesqueiro para a troca de piloteiros, na maioria das vezes era negado, dando-se diversas razões para que isso não acontecesse, tais como: “não tenho mais ninguém, vai desprestigiar o rapaz, vou chamar a atenção do mesmo”, entre outros.
9º - QUAL FOI O MEIO DE TRANSPORTE UTILIZADO?
Neste ponto o resultado da pesquisa é duvidoso, já que, de acordo com a classe social do pescador, podem haver alterações. 


No entanto, foram citados, avião, ônibus fretado, carro próprio e até ônibus de linhas regulares.
10º - SEGUNDO SUA OPINIÃO, FOI A MELHOR ÉPOCA PARA IR OU VOCÊ MUDARIA SE PUDESSE?
Mais uma vez a grande maioria respondeu que se pudesse mudaria a época escolhida. Aqui, percebe-se claramente o motivo. Com o rio baixo, os pescadores não fizeram uma boa pescaria. Portanto a escolha de uma outra época, prevaleceu.
11º - AO CHEGAR NA PESCARIA VOCÊ PERCEBEU TER ESQUECIDO ALGO?
Foi até engraçado ver esse resultado. Praticamente todos os pescadores deixaram de levar alguma coisa que lá no Pantanal sentiram falta. Tivemos de tudo, desde medicamentos, até roupas e até um caso especial, que esqueceu de levar o seu “travesseiro preferido”, dormindo mal, portanto, em sua pescaria.

                                          NOTA DA REDAÇÃO
Como o leitor pode perceber, a principal intenção dessa pesquisa foi mostrar a pescadores, donos de pesqueiros e principalmente autoridades do Pantanal, os problemas que todos nós, pescadores amadores, enfrentamos. Muitas das respostas aconteceram a um pescador amador que vai até o Pantanal levar recursos para a região e gasta boa soma de dinheiro, muitas vezes economizada durante o ano inteiro, para fazer a pescaria dos seus sonhos. Muitas respostas foram também de pessoas que foram pela primeira vez ao Pantanal e que, segundo disseram, “vai ser muito difícil voltarem lá”. Nesse ponto é que vamos revelar o motivo da Revista Aruanã ter feito esta pesquisa. Em primeiro lugar, temos que dizer que nós não somos agência de viagens ou turismo. Portanto, não estamos querendo tirar o “ganha pão” de ninguém. Nossa principal intenção é de defender seus interesses e seu dinheiro, e que seja respeitado por empresas e autoridades e principalmente que você faça uma excelente pescaria. 

Por essa razão é que, se você confiar em nós, antes de marcar sua pescaria, seja no Pantanal norte, centro ou sul, entre em contato conosco, e nós organizamos sua pescaria. Afinal de contas (e disse temos orgulho), ninguém conhece o Pantanal como nós. Além de todos os cursos de água (por nós já percorridos) conhecemos a maioria dos hotéis pesqueiros e barcos hotéis. Nós sabemos quem é sério ou não nesse segmento. E finalmente, duvidamos que você esqueça qualquer coisa na sua pescaria, pois para quem marcar conosco a pescaria, enviaremos uma lista completa do que levar. E melhor de tudo: nós sabemos qual a melhor época, qual é a altura da água, a melhor região e qual tipo de peixe que está mais ativo. Diariamente, mantemos contato com gente séria, que nos dá informações corretas. E, dependendo da época e de nossos afazeres, vamos procurar ir junto com os pescadores. Quero ver se, com a nossa presença, alguém irá maltratar o pescador amador.

                                                                   

quarta-feira, 20 de maio de 2020

EQUIPAMENTO - CONSERVAÇÃO DOS ANZÓIS









Muitas vezes uma pequena economia pode trazer grandes prejuízos e sérios aborrecimentos. Vale a pena economizar na hora de comprar anzóis, estes utensílios tão essenciais em nossa pescaria? Vamos conferir.  


Tabela comparativa de corrosão em diferentes acabamentos de anzóis 
Uma regra onde ninguém pode afirmar que há exceções é a que diz que para fisgar um peixe é necessário usar-se um anzol. Esses anzóis podem ser de vários tipos, formatos e tamanhos. Podem ainda ser simples ou garatéias, sendo estas últimas usadas principalmente em iscas artificiais. Feitos com aços especiais de uma pureza quase absoluta, recebem, de acordo com sua finalidade, tratamentos diferenciados para que ofereçam maior segurança na hora da pescaria. Sendo assim, temos anzóis na cor azul escura, que são temperados, os na cor bronze, um pouco mais “moles” e, finalmente, os cromados ou na cor de aço normal, os mais fortes. Existem ainda muitos outros tipos de cores de anzóis, obtidas por intermédio de vernizes. 

Anzol 7/0 
Pelo tratamento recebido, podem ser endurecidos, os chamados “vezes fortes”, que vão desde uma até cinco vezes forte. Como nosso leitor pode verificar, existem anzóis específicos para cada tipo de pesca roa. Para resumir, se isso é possível, podemos dizer que um anzol nada mais é do que “um pedaço de aço trabalhado”. E como todo pedaço de aço, tem na ferrugem o seu principal inimigo. Imagine, então, um pedaço de aço usado sempre na água ou, por outra, usado também durante muitas ocasiões em água salgada. É portanto inevitável que nossos anzóis sofram, assim que são usados pela primeira vez, um processo de corrosão. A pergunta mais importante é: existe, ou melhor, vale a pena usar-se algum método para sua conservação após o uso?

Anzol chapinha  
São muitos os pescadores amadores que, após o uso dos anzóis, os colocam em um recipiente de plástico, envolvendo-os com os mais diversos tipos de óleo. Existem ainda aqueles que os secam ao sol e guardam em uma caixinha junto com... talco! No primeiro caso, podemos afirmar que o processo de ferrugem pode ser facilmente constatado, pois após alguns dias, vamos verificar que o óleo colocado junto aos anzóis já começa a apresentar uma coloração amarronzada, demonstrando que a ferrugem está presente e ativa. (Veja quadro de testes de corrosão nos mais diferentes acabamentos externos de anzóis). 

Garatéias 
O formato de um anzol tem suas características técnicas (veja quadro), mas o item mais importante sem dúvida é a ponta, já que ela realmente é a responsável pela fisgada. E existem diversos fabricantes de anzóis em todo o mundo que, vez por outra, lançam novidades que recebem nomes diversos, tais como: “ponta com tratamento a laser”, “ponta arredondada”, etc. Pois bem. Podemos afirmar que, quanto melhor a ponta de um anzol, seja de que marca for, mais rapidamente ela se desgasta. Esse desgaste pode ser tanto na colocação de iscas como – e principalmente – na fisgada dos peixes. Mas como diriam alguns pescadores, “é só amolar a ponta que o anzol volta a ficar muito bom”. 

Isca artificial 
Digamos que, em princípio, isso é uma meia verdade, já que o certo mesmo é faze-lo antes de usar o anzol pela primeira vez. Aliás, esse negócio de amolar anzol é uma crença para fisgar os chamados peixes de boca dura, como o dourado. A dica para os casos em que se quer melhorar a ponta de um anzol vem da resposta à seguinte pergunta: será que, ao amolar uma ponta, não estaremos tirando do anzol parte do tratamento especial dado pelo fabricante para sua resistência? Ao que tudo indica, a resposta é óbvia. A principal pergunta nos casos de conservação é a seguinte: vale a pena arriscar o sucesso de uma pescaria com uma economia boba como essa? Vamos demonstrar que não. 

Anzol para minhoca artificial 
Tomemos como exemplo o anzol 92247, fabricado pela Mustad, de tamanho 7/0, o mais vendido.  Uma caixa desses anzóis contendo cem peças custa em média R$45,00 (NR. Na época), ou seja, R$0,45 por peça. Vale a pena economizar essa quantia e pôr em risco a perda de um excelente peixe com um anzol velho? A resposta é sua.  Mais uma vez afirmamos: após usar um anzol, por mais que ele lhe pareça em perfeito estado, descarte-o. Ou seja, jogue-o no lixo e por lixo entenda-se o cesto de sua casa. Nunca o jogue no meio ambiente, pois será um elemento estranho de metal em nossas águas.  E se você pescador fizer isso com os anzóis usados em água doce, quando for pescar em água salgada, jogue-os fora duas vezes mais rápido. Boa pescaria.  

Anzóis encastoados  
Nota da Redação: Cito um exemplo que assisti no Pantanal, mais precisamente na região de Porto Morrinho, quando havia ainda a balsa para atravessar o rio Paraguai, para chegar a Corumbá. Apareceu um piloteiro dizendo que tinha ido a Cuiabá e lá encontrado um pescador das antigas e que fabricava os seus próprios anzóis. Sua “matéria prima” eram molas antigas de colchões usados. Ele esquentava essas molas e dava aos pedaços pequenos a forma de anzóis do tipo acima citado, o 92247 e o 92676 para o pacu, com haste curta. Todo o segredo do “sucesso” desse anzol, estava na têmpera que ele sofria. Após ficar bem quente, era mergulhado em banha de capivara, chegando então na dureza desejada. E, pior, vi muitos pescadores “turistas” comprando esses anzóis com preço mais caro que um importado.  Eu cheguei a publicar a foto desse tal anzol em uma edição da Revista Aruanã.

Revista Aruanã Ed 58 Publicada em 08/1997

sexta-feira, 15 de maio de 2020

DICA - OS CABOS DAS VARAS












Você sabia que dependendo de seu formato, tamanho e material, o cabo de uma vara de pesca pode ajudar ou atrapalhar o pescador amador durante suas pescarias? Confira


Cabo pistola (Pistol grip) 
Com a atual tecnologia empregada na fabricação das hastes de nossas varas de pesca, a cada dia que passa temos materiais mais leves e resistentes. Todo esse avanço tecnológico começou há apenas uma década atrás, quando alguns fabricantes começaram a soltar no mercado produtos com o nome de “conolon”, que nada mais era do que varas ocas de fibra. Antes disso, tínhamos as varas de fibra maciça (usadas até hoje em algumas modalidades) e bem antes disso, as varas de bambu. E mesmo nestas últimas, o pedaço considerado como sendo o cabo era determinado pela distância entre o ponto de fixação do molinete/carretilha e o fim da haste. Apenas como curiosidade: bem antigamente, as carretilhas e molinetes eram presos na vara de bambu por intermédio de tiras de borracha feitas com câmeras de pneus de bicicleta, e ainda hoje há quem use tais artefatos, alegando que, pela segurança que proporcionam, são insubstituíveis. Mas voltando às varas de fibra maciça, os primeiros cabos eram fabricados com madeira e, mais tarde, alguns passaram a ser confeccionados em espuma ou outros materiais semelhantes à borracha. Alguns anos depois começaram a aparecer os cabos de cortiça, já usados também nas varas de fibra oca. 

Cabo de mão e meia
 Pois bem. Quando esses cabos de cortiça surgiram, a bem da verdade, o comentário era que foram feitos para dar maior segurança e firmeza às mãos do pescador. E alguns desses mesmos pescadores, sob o pretexto de “conservar” melhor esses cabos, revestiam esses cabos com verniz tipo Araldite. O que acontecia era o seguinte: com o verniz os cabos de cortiça realmente ficavam protegidos contra o desgaste, mas ganhavam também 100% de dureza e tornavam-se escorregadios ao contato com as mãos. E assim íamos vivendo... ou seria pescando? Finalmente, vamos ao que realmente interessa: independente do material ou do formato do cabo da vara de pesca, vamos tratar aqui especificamente de seu tamanho, já que esse sim é um item essencial.
                                                   CABO FORMATO PISTOLA
É aquele cabo tradicional que possibilita que a haste seja empunhada com uma só mão, tanto para carretilha como para molinete. Normalmente, é indicado para facilitar o trabalho iscas artificiais, principalmente com os modelos que exigem trabalho constante, tais como as iscas de superfície. Pescando-se com iscas naturais, este tipo de cabo normalmente será em material ultraleve, independentemente do tipo de equipamento usado. 

Cabo duas mãos 

Existem vantagens e desvantagens. A maior vantagem é a leveza do conjunto e a grande desvantagem é notada quando se fisga um peixe de grande porte, pois somos obrigados a apoiar a vara no peito ou na barriga para obter maior segurança.
                                             CABO DE MÃO E MEIA
Em nossa opinião é o melhor, principalmente para quem pesca com iscas artificiais, pois serve às pescarias de categoria leve, média e até mesmo pesada. Na briga com um peixe grande, é mais firme e fácil de apoiar na barriga, dando maior segurança no chamado movimento de “alavanca”. Além disso, pelo seu tamanho, não atrapalha o trabalho das mãos com as iscas de superfície. Pode ser usado também com iscas naturais, porém, para estas, recomendamos o cabo de duas mãos, descrito a seguir.
                                              CABO DE DUAS MÃOS
Sem dúvida alguma, este é o cabo de vara mais versátil, sendo amplamente utilizado por quem pesca com iscas naturais, já que facilita muito o arremesso, além de ser o mais indicado para suportar a briga com peixes maiores. Também é muito eficiente para a pesca de espécies menores, permitindo ao pescador comodidade para ficar o tempo inteiro com a vara de pesca nas mãos, pois seu tamanho é facilmente posicionado junto à cintura do pescador. 

Cabo para praia ou costão  
Alguns desses cabos têm inclusive uma borracha na ponta para facilitar esse apoio. Na pesca com iscas artificiais, tal cabo é usado principalmente em duas situações: na modalidade de corrico e na pesca de lances onde não seja preciso trabalhar a isca com movimento das mãos. Corricando, temos a oportunidade de segurar a vara de pesca com as duas mãos, já que a “pegada” do peixe no corrico é violenta e repentina. Em um lance normalmente executado puxando-se a isca artificial por intermédio do equipamento, ou seja, uma espécie de corrico em menor escala, a vara de duas mãos presta-se sempre às chamadas pescarias mais pesadas, com peixes mais violentos. Se formos trabalhar uma vara de duas mãos com iscas de superfície ela será um pouco incômoda, já que o tamanho do seu cabo praticamente “enrosca” no antebraço, dificultando o trabalho. Para isso temos a vara de mão e meia, que a despeito de não ser tão forte, é muito mais cômoda. Como vimos, para cada modalidade de pesca, o cabo de vara é um item muito importante, principalmente no que diz respeito a tamanho. 

Pesca de costão
             VARAS DE PRAIA OU COSTÃO

Este é um capítulo todo especial, já que na maioria dos casos, o cabo de vara para esse tipo de pesca é uma continuação da própria vara, tendo apenas uma manopla para a mão e um apoio na ponta, que pode ser do mesmo material da manopla ou então em borracha ou capa feita com fios de cerda, servindo esse item mais como proteção quando da colocação da haste na espera em pedras. A distância do equipamento, seja molinete ou carretilha, atinge, às vezes, mais de 70 centímetros do fim da vara. Para isso também há uma explicação: tal distância facilita a posição para o recolhimento da linha, pois os pescadores costumam colocar o cabo desse tipo de vara de pesca na virilha, ou mesmo entre as pernas, trazendo com essa ação o equipamento mais para perto do corpo. Esse tipo de cabo de vara auxilia muito nos arremessos em que são usadas as duas mãos e na briga com grandes peixes, considerando que com linhas finas, ocorrem brigas que demoram muito e cansam bastante. Inclusive, existem varas desse tipo onde o fixador do equipamento é móvel, facilitando ao pescador estabelecer a regulagem de distância conforme sua vontade e comodidade. 

Pesca embarcada                                               
                                     VARAS PARA A PESCA EMBARCADA
Caso o pescador opte por iscas artificiais, os tipos mais indicados de cabo são os já descritos acima, ou seja: pistola, meia mão ou duas mãos. No caso de iscas naturais, o mais indicado será sempre o cabo de duas mãos, usado nas mãos ou deixado na espera, colocado em porta varas. Complementando, há outras dicas muito importantes no que se refere à segurança e higiene que devem ter aqueles pescadores que permanecem com a vara de pesca nas mãos ao longo de suas pescarias. O ideal é manter as mãos sempre limpas. No caso de usar isca natural, após iscar o anzol, lave as mãos muito bem, antes de executar o lance, tanto em pescarias no mar como em água doce. Se o cabo de sua vara for de madeira, enxugue as mãos antes do lance; se for de cortiça ou espuma, a mão úmida ou mesmo molhada vai dar maior segurança ao contato. Caso você pesque apenas com iscas artificiais, vez por outra molhe as mãos para obter maior segurança na hora do lance, e após fisgar o peixe e retira-lo da isca, lave as mãos ante de executar o próximo lance. Esse simples procedimento, além de impedir que a vara escorregue de suas mãos, permitirá que a haste se mantenha bonita e conservada por mais tempo. Além disso, principalmente quando o cabo é de espuma preta, você estará evitando que o limbo do peixe “grude” no material e torne-se algo semelhante a um verniz esbranquiçado, o qual, diga-se de passagem, é muito mal cheiroso. Lembre-se disso em sua próxima pescaria.

Revista Aruanã Ed:56 Publicada em 04/1997

terça-feira, 5 de maio de 2020

MODALIDADE - OS HABITANTES DA ESPUMA







Em uma pescaria de praia, todas as opções de pesca devem ser exploradas. A pesca na espuma é uma delas, e é bastante esportiva. Confira.


Carapicu 
Em uma pescaria de praia, quando a maré está na enchente, é muito comum que as ondas venham cada vez mais lavar a areia que antes estava seca. Para o pescador mais observador, a visão de organismos tais como minúsculos tatuíras, sarnambis, outros pequenos vermes é frequente. Com a espuma das ondas, esses organismos mudam constantemente de lugar. Os tatuíras, por exemplo, têm pouco mais de um centímetro de comprimento. São exatamente esses minúsculos organismos que pequenas betaras, pampos, carapicus, paratis-barbudos, galhudos, peixe-rei e outros vêm caçar para se alimentar. Se o pescador estiver preparado com o material certo, poderá se divertir a valer, fisgando exemplares dessas espécies. 


Pampo galhudo 
Na maioria serão pequenos peixinhos, mas não estranhe se de repente um peixe maior abocanhar a isca. O importante é que, enquanto se realiza a sua pescaria, lá mais para o fundo, aqui bem perto de seus pés um verdadeiro mundo de pequenos peixes estará se alimentando, já que este é o lugar certo para eles estarem. Como dica principal diríamos para usar um material ultra-leve, por exemplo: uma vara pequena (1.50m) e que tenha uma ponta bem fina; um molinete pequeno (o menor que houver); linha 0.10mm ou 0.12mm; anzol pequeno (o melhor é o chamado “mosquito”, bastando apenas um); e um pequeno chumbo, de qualquer formato, com peso de no máximo dez gramas. Pronto, nosso material está preparado para fisgar os “habitantes da espuma”. 

Tatuíras 
E a isca? Mais uma vez ela tem que ser especial, no que se refere apenas ao tamanho, já que no tipo ela é bem comum, ou seja, o tradicional camarão morto. O modo de preparo dessa isca é também bastante simples, bastando apenas que se descasque o camarão e se o esmague contra uma superfície dura. Esse ato de esmagar pode ser feito com o dedo polegar: está pronta a “massa” para a isca. O passo seguinte é separar esse camarão esmagado em pedaços bem pequenos, e o melhor instrumento para isso é uma lâmina de barbear ou um estilete, ou ainda uma pequena faca de ponta fica e afiada. Serve também uma pequena tesoura. 


Betaras 
O tamanho da isca deverá ser igual à cabeça de um palito de fósforo. Estando a isca pronta, basta passar o anzol por ela, que o mesmo estará fisgado. Os locais de arremesso podem ser em volta do pescador, tanta para a direita como para a esquerda, e a distância que achar necessário. O importante é que sejam efetuados na espuma. Como profundidade dessa espuma, basta apenas que seja de cinco centímetros no mínimo. Um outro conselho é deixar a fricção do molinete o mais leve possível, já que, com um peixe um pouco maior, ela irá “cantar”. Uma outra dica, para quem não quer usar o molinete, é usar uma vara telescópica (3 a 4 metros) também bem fina. 

Praia rasa 
Usa-se a mesma linha, anzol, chumbo e a isca. A linha pode ser um pouco mais longa que o comprimento da vara que irá se usar – por exemplo - um metro a mais. Os lances aqui serão mais curtos, e devemos mudar um pouco de lugar para conseguirmos bater mais pesqueiros. No mais tudo será igual à pescaria realizada com a vara de molinete. Se você nunca tentou esse tipo de pescaria, tenha a certeza de que vale a pena, pois a esportividade é a produção serão muito boas. Sinta como aqueles pequenos peixinhos puxam violentamente (guardadas suas proporções), e veja que muitas vezes irão roubar a sua isca sem que você perceba. Só para afirmar mais uma vez a piscosidade da espuma, saiba que existem até campeonatos de pesca especializados somente nesse segmento. Bom divertimento. 


Habitantes da espuma 
NOTA DA REDAÇÃO: Não vai longe o tempo, talvez uns cinco ou seis anos que vi, em Peruíbe, uma senhora que era uma verdadeira especialista nesse tipo de pesca. Sua pescaria começava com um pequeno puçá (imitando um jerere) e ia passando ao longo da praia, - perto da espuma - arrastando para pegar isca. Suas iscas presas então eram camarões minúsculos em sua maioria. Após coletar a quantidade que ela achava ideal, passava então a pescaria. Uma vara telescópica de uns 4 ou 5 metros, linha fina, anzol mosquito, chumbo tipo oliva e a linha um pouco mais longa que a vara. Na praia em Peruíbe, existem vários bancos e quando vi a senhora fazendo aquela pescaria parei o carro e fui apreciar a “arte” dela. Perto tinha alguns pescadores de praia com o material que conhecemos. A mesma rotina: entra na água, dá o lance e volta para perto do secretário e coloca a vara na espera. Enquanto a pescadora pegava uns cinco ou seis peixes pequenos, só uma vez vi um deles pegando uma betara um pouco maior em tamanho, das que aquela senhora estava fisgando continuadamente. Foi um verdadeiro banho na quantidade de peixes fisgados. E olhe que os pescadores citados, não eram novatos, pois o material deles era de excelente qualidade e, usavam corrupto como isca. Dizer o que mais?


Revista Aruanã Ed:61 Publicada em 02/1998