quinta-feira, 27 de agosto de 2020

DICA 2 - A HORA DA FISGADA










Fisgar um peixe é questão primordial na pescaria. Mas o ato de fisgar, dependendo da espécie, muitas vezes independe do pescador, o que nos leva a afirmar que, em certas ocasiões, o peixe se fisga sozinho.

Fisgando o dourado
Por diversas vezes temos visto em nossas andanças pescadores amadores empregando tamanha violência para fisgar os peixes, que o que presenciamos mais parece uma briga, literalmente falando, do que o ato de fisgar. Aliás, a expressão “vai arrancar a boca do peixe” cabe muito bem para esses casos. São fisgadas tão violentas e sucessivas, que das duas uma: ou a boca do peixe é de aço ou o anzol usado não tem ponta. E tem mais: as tão comuns “confirmadas” no ato de fisgar também não ficam atrás em força e brutalidade. Como ninguém é dono da verdade, vamos pedir ao leitor que raciocine conosco para ver de que lado está a razão.  A primeira afirmação de quem fisga desse jeito é que tal prática é necessária porque determinadas espécies têm a “boca dura”, com placas ósseas enormes, e para cravar o anzol nesse tipo de boca é preciso fisgar com força. Normalmente os peixes citados como “boca dura” são o dourado, o pintado, o jaú, a piraíba, etc. Será verdade? Com certeza podemos afirmar que não, e para comprovar isso citamos um fato que joga por terra essa afirmativa. Existem duas práticas, a bem da verdade proibidas ao pescador amador, chamadas de “anzol de galho” e “João bobo”.  A prática da pescaria com anzol de galho, que nada tem de esportividade, consiste em deixar uma linha com isca natural presa a um galho de árvore. 

Fisgando o sailfish
São armadas várias dessas linhadas anti-esportivas, que vez por outra são vistoriadas e os peixes recolhidos. Os peixes mais visados são o pintado, jaús, piraíbas e até dourados, ou seja, os “bocas duras”. Ora, uma linhada em galho de árvore não dá nenhuma fisgada violenta e mesmo assim o peixe fica preso no anzol. Como explicar tal fato? Já na pescaria joão-bobo, praticado por muito bobo que se julga pescador e igualmente proibida ao amador, é usada uma bóia de plástico ou lata com uma linha de aproximadamente um metro de comprimento. São feitas várias bóias, soltas espaçadamente ao sabor da correnteza. O pescador fica de longe no seu barquinho olhando as bóias. Quando um peixe ataca a isca, se fisga sozinho e o sinal é o afundamento contínuo da bóia. O único trabalho “esportivo” de quem assim pesca, é ir até a bóia e recolher o peixe, que mais uma vez se fisgou sozinho. As maiores vítimas de tal prática são o pacu (outro “boca dura”), a piraíba, o filhote, etc. Como o leitor pode perceber, em nenhum dos dois casos houve a participação do pescador para fisgar o peixe. Quem será então que tem razão? Devemos ou não dar fisgadas violentas? Para melhor compreensão, damos ainda um outro exemplo de procedimento que inclusive pode ser executado por qualquer pessoa a título de teste. Procure esticar um carretel de linha com 100m de comprimento, não sendo muito importante a bitola, com um pescador segurando cada ponta da linha. 

Fisgando o pacu 
Por intermédio da vara de pesca (que deve ser presa a uma das pontas da linha), dê fisgadas violentas e pergunte o que sente o pescador que está na outra ponta. Resposta óbvia: quase nada. Como se vê, a fisgada violenta não tem utilidade e as posteriores “confirmações” (fisgadas sucessivas) também não. O peixe já está na ponta da linha, fisgado. Evidente está que existem exceções e a única de que conseguimos recordar de imediato é a pesca de black bass, mesmo assim, só quando se utiliza minhoca artificial. Nesse caso, a fisgada deve ser relativamente violenta porque o anzol tem, que atravessar a minhoca de plástico para então fixar-se na boca do peixe. E assim vai se pescando e mal. Um exemplo? No Pantanal é comum, durante o corrico e usando-se colher, o piloteiro ao perceber que o dourado fisgou, dar uma arrancada brusca com o motor de popa, na maioria das vezes um 25 HP, para garantir a fisgada. É uma barbaridade. Outro, pescando de rodada, quando sentem o peixe, começam a dar fisgadas violentas e sucessivas para “cravar o anzol na boca dele”, outra barbaridade desnecessária. Vamos citar algumas regrinhas que podem ser seguidas, ou pelo menos analisadas para verificar onde está a verdade. ISCA ARTIFICIAL: de maneira nenhuma dê fisgadas violentas. Tal atitude não vai garantir a fisgada.

Fisgando o cação 
O Importante é manter a linha bem esticada e não afrouxá-la em hipótese nenhuma quando o peixe for sentido. No caso de peixes que pulam para fora da água, isto é mais importante do que apropria fisgada. ISCA NATURAL: Uma fisgada firme é o suficiente. Lembre-se de que o peixe veio comer a isca. Manter a linha esticada é essencial. Não é necessário ficar dando “confirmadas”. Se o peixe escapar, com certeza terá sido por qualquer outro motivo, menos por não se ter fisgado com força. Para os incrédulos, damos mais um exemplo. Como se sabe, o espírito esportivo a cada dia que passa ganha mais adeptos. Essa esportividade culmina no ponto onde o pescador procura fisgar peixes cada vez maiores com linhas cada vez mais finas. Se ficarmos dando fisgadas e confirmadas violentas, a linha não aguentará. Então como explicar que esses pescadores fisgam peixes enormes com linhas bem abaixo da resistência ao peso do peixe? Pois é pescador. Como se vê, tem gente fazendo bobagem e se cansando à toa, e o que é pior, perdendo a chance da briga com o peixe, principalmente na primeira corrida, que é a melhor de todas, E isto independe da espécie fisgada. Em vez de vibrar com a força do peixe, fica-se dando verdadeiras bordoadas com a vara, como se isso fosse preciso. A melhor de todas as dicas para a hora da fisgada, é saber como está a ponta do anzol. 

Fisgando a anchova
Se ela estiver bem afiada o peixe se fisga sozinho, tanto com isca natural como artificial. Só para se ter uma idéia, podemos dizer que as melhores fábricas de anzol se preocupam muito com a ponta de seus anzóis. Hoje, já se fala em ponta a laser, ponta de diamante e outras mais. Por que será? Ia me esquecendo. Uma outra prática também proibida e anti-esportiva é o chamado espinhel, que nada mais é do que uma corda com vários anzóis pendurados. Nesse tipo de “pesca” também não há a participação do pescador e os peixes também são fisgados. E o que dizer também da velha “linhada de espera”? Quem é que na represa (principalmente) já não armou sua linhada de espera, algumas até com sininhos para acusar a fisgada dos peixes, na maioria das vezes traíras e carpas? E aquele que, quando cansado, coloca a vara de pesca na espera? Como se vê, o peixe se fisga sozinho na maioria das vezes. O importante é ter um bom anzol, sempre com a ponta bem afiada. Para isso existem limas apropriadas para anzóis, mas nada muda em qualidade, como o anzol novo. Agora, se você é dos que não acreditam na ponta do anzol, continue dando fisgadas e confirmadas, encenando o que mais parece uma luta de karatê do que uma boa e gostosa pescaria. Somos levados então a concluir que fisgadas e confirmadas violentas são sinônimos de falta de capacidade. Ou seja: comportamento típico de quem não sabe pescar. Concorda?

Revista Aruanã Ed:38 Publicada em 02/1994

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

DICA II - CHUMBO: EM CIMA OU EMBAIXO?







Um item bastante importante para quem pesca com iscas naturais é a chumbada. São vários modelos, com diversos formatos e pesos. Para cada tipo de pescaria há um chumbo certo. Use-o corretamente e melhore seu rendimento.

Chumbada aranha 
A princípio podemos afirmar que existem três tipos de chumbadas mais usadas: a pirâmide, a gota e a oliva. Evidente está que em alguns casos, a própria necessidade fez com que o pescador adaptasse outros modelos às suas pescarias, variando dos originais. Assim sendo, há uma regra básica que pode ser citada como norma. Mas pescarias em praias, o modelo certo a ser usado é a chumbada em formato pirâmide, pois é a melhor que agarra na areia, fazendo com que a linha permaneça bem esticada. Dessa forma, podemos deixar a linha mais tensa e sentir melhor a fisgada do peixe. O tamanho dessa chumbada deve obedecer principalmente ao local em que se está pescando, bem como a bitola da linha. Não adianta colocar uma chumbada em uma linha fina, pois será inevitável o rompimento da linha mestra quando for dar o lance, principalmente nos nós do empate. Nesses casos, o melhor mesmo é fazer um arranque com linha mais grossa, que deve ir desde o empate até o molinete ou carretilha. Devido às condições locais, alguns pescadores do sul do Brasil criaram a chumbada de nome “aranha”.

Chumbada oliva 
Essa é a melhor que agarra na areia quando a correnteza é muito forte. No entanto, apresenta também alguma desvantagens, pois no caso do peixe não fisgar e ter-se de recolher a linha para a verificação de isca, o esforço de traze-la será grande. Ainda para a pesca de praia, a chumbada virá sempre embaixo, e os anzóis acima, permitindo maior sensibilidade ao sinal do peixe. O rabicho do anzol poderá ultrapassar a chumbada, mas sua base deverá permanecer acima dela. Para a pesca em costões, a melhor chumbada é a do tipo gota ou colher. Explicamos: pela ação da hidrodinâmica, este chumbo vem mais a superfície quando do recolhimento da linha, evitando enroscos nas pedras. Quando for a hora de recolher a linha para qualquer verificação, a maneira correta é enrola-la até que a ponta da vara fique na posição horizontal, apontada diretamente para a água. Dê um forte puxão para trazer a vara até acima da cabeça e recolha a linha rapidamente, não deixando a chumbada parar e afundar. No caso de pesca com lances longos, a chumbada virá também sempre abaixo. Para esta modalidade, aconselha-se o uso de um líder de linha mais grossa, já que para a maioria dos locais de pesca os lances devem ser fortes e longos. 

Chumbada bola, pião e carambola 
Há um ditado que diz que “quanto maior for a chicotada, maior será o lance”. Chicotada no caso é a ação de arremessar. Quanto ao chumbo no formato oliva, sem dúvida o mais usado, pois adequa-se tanto à pesca em água doce como no mar. Esse tipo de chumbo deverá ser colocado sempre acima dos anzóis e solto na linha. Esta posição permite ao pescador sentir a fisgada do peixe, pois a linha corre pelo meio do chumbo. O chumbo oliva é usado também nas pescarias em alto mar, onde não será preciso dar-se arremessos. Nesse caso em particular, pode estar em cima ou embaixo dos anzóis, como pode ser também substituído pelo chumbo pirâmide ou gota. Para a pesca de fundo, qualquer formato de chumbo serve, pois a posição da linha deve ser reta em relação ao barco. O chumbo oliva serve também para a pesca de praia, desde que seja utilizado com linha curta, ou do tamanho da vara. É também o chumbo mais indicado para a pesca em rios e represas. Seu formato pode variar, mas a regra é que seja sempre furado ao meio e solto na linha. Normalmente são usados com um pequeno girador para que fiquem na altura certa. 

Chumbada pirâmide
Alguns pescadores costumam dar nós na linha para facilitar a parada do chumbo. Nós não recomendamos tal prática, já que isso enfraquece a linha. Essas são as principais dicas para o uso correto das chumbadas, em seus formatos, peso, colocação na linha e variações. Resta-nos então, dando um toque de humor, falar das chumbadas “diferentes” que tivemos oportunidade de ver sendo utilizadas em pescarias, como por exemplo: porcas velhas e enferrujadas, parafusos diversos, pedaços de ferro e canos de água, pedras e pedaços de metal. Mas a campeã é a vela de ignição de motores, já usada. Perguntaríamos apenas qual o método que esses pescadores usam para tirar o cheiro de óleo que se acumula nas velas. Será que às vezes esse pessoal deixou de fazer uma boa pescaria e não sabe qual foi o motivo do insucesso? Para terminar, podemos dizer que a chumbada, com certeza, é ainda um dos itens mais baratos de uma tralha de pesca, e perder o chumbo na pescaria faz parte do jogo. Afinal de contas, com certeza os melhores locais e os maiores peixes estão justamente onde existem mais enroscos. O pescador já percebeu isso?

Revista Aruanã Ed: 38 Publicada em 10/1993

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

DICA IV - OS HABITANTES DA AREIA










Para o pescador amador que pratica a pesca de praia, é muito importante saber onde está pisando, pois sem dúvida moram na areia algumas das melhore iscas para essa modalidade.

O descanso da vara de pesca 
Eles estão em praticamente todas as praias do litoral brasileiro, com bem poucas exceções. Já que em algumas delas, as próprias características da areia não permitem a presença desse tipo de organismo. Estamos nos referindo aos organismos vivos que estão sobre nossos pés, enterrados na areia da praia. São vários, dentre os quais destacamos os corruptos, sarnambis, minhocas de praia, conchas, caramujos e até pequenos siris. Esses organismos são considerados como as melhores iscas para a pesca na modalidade de praia porque eles estão bem ali, na própria areia, o que faz com que sejam a opção mais natural possível em termos de iscas, ou seja: é exatamente esse tipo de alimento que o peixe daquele local está habituado a encontrar e comer. Vamos destacar individualmente cada um dos organismos citados, bem como a maneira mais eficiente de retira-los de seus esconderijos e isca-los. O corrupto é um crustáceo muito parecido com um pequeno lagostim, que costuma ficar a mais ou menos 10 cm de profundidade ou um pouco mais. Sua presença na praia é denunciada por pequenos buracos redondos na areia, com diâmetro de 1 e 2mm. 
                                                                                                                                                                  
Amarrando a isca
Em algumas ocasiões, esses buracos aparecem rodeados por pequenos pedaços de um material mais claro do que a areia, que são as fezes dos bichos. Encontrando esses detalhes, o pescador terá a certeza de que o corrupto estará lá. No entanto, em outros buracos não haverá fezes, e ele estará lá do mesmo jeito. A maneira mais eficaz de tira-los da areia é utilizar uma bomba de sucção, feita com canos de PVC especialmente encontrada em lojas de material de pesca. A maneira correta de utilizar a bomba é fazer a sucção ao mesmo tempo em que se enterra o cano na areia. Às vezes será necessário repetir até três vezes essa operação para que o bicho venha para dentro da bomba. O detalhe é que após a primeira “bombada”, deve-se sempre esvaziar o conteúdo do cano (areia). Normalmente, o corrupto aparecerá no meio da areia despejada. Tenha então à mão um pequeno balde com água do mar e areia para ir juntando as iscas, que permanecerão vivas por um bom tempo. Lembre-se de que é muito importante ir trocando a água do balde para garantir essa sobrevivência. Na hora de iscar, cuidado com as garras do corrupto, que, embora pequenas, podem causar ferimentos muito doloridos. 

A bomba do corrupto 
Use uma pequena tesoura para extrair essas garras, o que só deve ser feito na hora de iscar. É uma isca muito mole e dificilmente pára sozinha no anzol. Para maior segurança, após te-lo iscado, amarre o corrupto com um fio de elástico fino que também é encontrado em lojas de matérias de pesca. Outra dica muito importante: pegue somente a quantidade de iscas suficientes para sua pescaria, enterrando de volta na areia aqueles que sobrarem vivas no fim do dia. Só assim o pescador irá garantir a presença permanente dos corruptos nas praias e sua posterior desova. Dica final: o melhor horário para capturar o corrupto, bem como quase todas as outras dicas descritas nessa matéria será durante a maré baixa, ou seja, no fim da vazante. Falemos agora do sarnambi. Em algumas praias, como por exemplo, as do Rio Grande do Sul, eles são visíveis após o movimento das ondas que lavam a areia. Em praias do sudeste e nordeste essa presença é mais difícil de ser detectada. No entanto, na maré baixa e exatamente entre a areia seca e a molhada, ou seja, onde a areia fica de cor clara (seca) para mais escura (molhada), o sarnambi denuncia sua presença com dois pequenos orifícios paralelos, de diâmetro bem menor que os furos feito pelo corrupto. 



Minhoca de praia
 Pode ser usada também a bomba de sucção ou até mesmo uma pequena pá, além das próprias mãos, para encontra-lo. Tem a aparência de um marisco branco (assim é chamado em várias regiões do Brasil) e sua casca é mole. Para isca-lo deve-se quebrar a casca e retira-lo inteiro. Seu corpo é uma espécie de massa, com dois pequenos “chifres” um pouco mais duros que a amassa. Comece a iscar enfiando um desse chifres na ponta do anzol, sendo que então a massa deverá então ser trançada no anzol, terminando com o outro chifre o ato de iscar. Dependendo do tamanho do sarnambi e do tamanho do anzol, pode-se também amarra-lo com elástico. Normalmente essa amarração não será necessária, já que o sarnambi costuma fica bem firme no anzol. Minhoca de praia: aqui está uma isca que vai dar um pouco mais de trabalho para ser conseguida. Na maré baixa, bem junto da areia banhada por uma pequena quantidade de água das ondas, é onde a minhoca costuma estar. Só olhos muito experientes conseguem ver seus indícios. No entanto, a criatividade do pescador inventou uma maneira de faze-la se mostrar. 

Sarnambi 
Para que isso aconteça, é só pegar um resto de peixe – qualquer um -, de preferência com cabeça e ir passando, com os pés, o peixe na água. Pare e olhe com atenção, pois a minhoca costuma sair da areia para vir comer o peixe. Tenha à mão um pedaço de linha de nylon fina, por exemplo, 0,20mm fazendo no meio uma laçada. Quando a minhoca for comer o peixe, envolva-a com essa laçada e aperte com cuidado, enforcando-a. Começa a parte mais paciente dessa operação, já que a minhoca irá tentar voltar ao buraco. Não vai conseguir, porque está amarrada, e ao pescador restará então ir puxando lentamente a minhoca para fora. É uma espécie de braço de ferro onde a força é o menos importante, já que se o pescador não tiver paciência e puxar com força, a minhoca arrebenta e teremos então só um pequeno pedaço da isca. Somente com uma pequena tração e muita paciência conseguiremos tira-la inteira do buraco. Algumas minhocas têm mais de 50cm de comprimento, o que dará para fazer várias iscas. A maneira correta de isca-la é ir enfiando seu corpo no anzol e trançando-a para fazer um pequeno “bolo”. Já a tatuíra costuma aparecer na vazante das marés e mesmo na enchente. 

Tatuíra
Com o movimento das ondas na areia a tatuíra costuma mudar de lugar. Esse é um movimento rápido, que requer agilidade da parte do pescador amador, já que o bicho muda de lugar e se enterra novamente na areia. É só ver para onde ele correu e tira-lo com a mão. Apesar da aparência, ele é inofensivo, não mordendo nem causando qualquer outro incidente. Iscaremos a tatuíra inteira no anzol, pelo meio do corpo. Quanto às conchas, ela costuma aparecer ao longo da praia, sendo muito fáceis de avistar. Seu conteúdo é o que serve para iscar. Abre-se a casca que é dura com cuidado e raspa-se toda a massa do interior da concha. Deve ser trançada no anzol, e é conveniente amarra-la com fio elástico. Caramujos: mostram-se como as conchas, ao longo da areia da praia. A diferença é que para iscar o caramujo, será necessário quebrar sua casca. O método de iscar é o mesmo utilizado para a concha, e dependendo do tamanho do caramujo poderá ainda ser dividido ao meio, o que nos dará duas iscas. Pequenos siris: sua ação parece igual à da tatuíra. Com o movimento das ondas, eles também saem de um local para o outro e também enterram-se na areia. 
Regulando a fricção 
A diferença é que o siri tem garras, portanto deve ser manipulado com cuidado. O jeito certo de pega-lo é, após desenterra-lo, ir fazendo com que mude de lugar com pequenos toques até que se canse. Feito isso, procure pega-lo pelas garras, que devem ser imediatamente separadas do corpo. Isca-se inteiro. Como dica final, diremos que é conveniente que o pescador se lembre de que tudo o que restar das iscas, como por exemplo, garras de corruptos e garras de siris, devem ser jogados no pesqueiro onde ele estiver, de preferência onde seu anzol estiver iscado, já que esse material é uma excelente ceva. Agora, se você não quiser ter esse trabalho todo para capturar os habitantes da areia, use camarão morto, filé de sardinha, filé de parati, manjubas, etc. Com certeza, esse tipo de isca é muito mais fácil de conseguir, pois é só passar na peixaria e comprar. No entanto, podemos apostar que o resultado de sua pescaria será muito menos produtivo em termos de peixes fisgados quando você utilizar os habitantes da areia. Duvida? Faça o teste.

Revista Aruanã Ed:43 Publicada em 02/1995

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

DICA - ISCA ARTIFICIAL NA PRAIA









São muitos os pescadores amadores que indagam se as iscas artificiais funcionam em nossas praias. Para obter uma resposta mais concreta, devemos analisar alguns pontos. Confira.



Robalo 
As praias do litoral brasileiro, com raras exceções, são consideradas rasas para um perfeito funcionamento das iscas artificiais. Mesmo as chamadas praias de tombo se enquadram nessa classificação. Nas praias comuns, para se atingir um profundidade de 1,5 m, por exemplo, é necessário entrar na água mais de 50 m. Este é o principal motivo pelo qual nossas praias deixam a desejar quando se trata de pescar com iscas artificiais. Explico: a vastidão de uma praia não proporciona ao pescador nenhuma dica sobre onde jogar a sua isca, e convenhamos, ninguém tem paciência de ficar andando e dando lances a esmo, já que, se após alguns lances não houver reação, qualquer um desiste. Mas continua a pergunta: isca artificial na praia funciona? Se levarmos em consideração todas as dificuldades acima apontadas, podemos afirmar que funcionam, e bem. Nossas tentativas com as iscas artificiais chegamos a conclusão de que os jigs, os spinners, e os pequenos plugs são as melhores iscas para a praia. Quando nos referimos aos jigs, afirmamos que qualquer tipo ou tamanho são perfeitos. Podem ser confeccionados com penas, cerdas, ou outros materiais, inclusive os de minhoca plástica, também conhecidos como “grub”. 

Garoupa 
Não há cor especifica para se citar, mas se levarmos em consideração os organismos vivos que estão nas praias, diríamos que o branco, o amarelo, ou com menos ênfase o vermelho, seriam as melhores cores. Com os jigs já foram fisgados em praia espécies como o pampo, salteiras e robalos.  A maneira correta de trabalhá-los é fazer com que a isca venha dando saltos no fundo da areia após o lance. Tal ação se consegue com a ponta da vara dando-se puxões contínuos para cima.  As varas devem ter no mínimo 2,5 m e a linha deverá ser bem fina (0.20mm por exemplo), pois auxilia nos logos arremessos. Normalmente o peixe fica nos chamados canais de praia. Uma boa dica, após se localizar o canal de praia é pescar paralelamente a ele, e ir dando lances sempre a direita, ou seja, em direção sul, já que a correnteza de nossas praias ocorre sempre no sentido norte-sul. Esse método faz com que obrigatoriamente tenhamos que pescar dentro da água. Uma outra isca usada foi o spinner. Mais uma vez, cor e tamanho não serão os itens mais importantes. Aqui vai uma dica: o spinner não poderá vir arrastando o fundo. O melhor mesmo é dar o lance e imediatamente recolher a linha com carretilha ou molinete a uma velocidade equivalente à velocidade de um pequeno peixe nadando.

Pesca de praia 
A linha poderá ser a mesma utilizada para os jigs, e as varas poderão ser um pouco maiores. Tanto faz dar os lances em frente ou paralelamente aos canais. No caso de usar linha fina, é aconselhável usar também um líder de linha mais grossa como garantia no caso de fisgar um peixe maior. Peixes fisgados com spinner: robalos, salteiras e até algumas anchovas. Finalmente chegamos aos plugs, que são iscas com formatos de pequenos peixes. Os plugs mais indicados para a pesca em praia são os de tamanho pequeno, por exemplo, entre 5 e 9cm, e que sejam “sinking”, ou, para usar um termo bem próprio de pescador, “afundativos”. Esses plugs só nadam quando tracionados com o equipamento. Podemos deixa-los ficar parados na areia e depois de tracionar com a carretilha ou molinete para que nadem. Os plugs devem possuir barbela para um perfeito funcionamento. A dica é a seguinte: dá-se o lance, que tanto pode ser em frente ou paralelamente ao canal, e corrica-se com o equipamento. Vez por outra, dá-se uma parada deixando por alguns segundos na areia para novamente faze-lo nadar.  Usamos de preferência as cores preta no dorso, azul, verde e amarela, todos de barriga branca. As iscas cromeadas nas cores citadas no dorso também são indicadas. 

Casco de navio 
Essas são as iscas que “funcionam” nas praias. Com paciência e muito, mas muitos lances mesmo conseguiremos fisgar alguns peixes na praia. Agora, se a praia escolhida apresentar alguns obstáculos (pedras, navios afundados, restos de embarcação, plataformas ou ilhas), suas chances de obter sucesso aumentam em 80%. E, além das espécies já citadas, acrescente também badejos, garoupas, xareus, miraguaias, caranhas, etc.. E mais: se na praia existir um rio com “boca limpa”, ou seja, com boca de pedras, parabéns. Suas chances de sucesso serão de 100%. Neste caso, pesque sempre na vazante da água do rio para o mar. Dê lances em todas as direções, principalmente do raso para o fundo. A propósito, o raso estará sempre do outro lado das pedras. Boa pescaria com iscas artificiais nas praias.
Nota da redação: Com a chegada de novas iscas, como os camarões artificiais, a possibilidade de fisgar mais peixes com esses formatos, temos notícia de que aumentou e muito a pescaria de robalo, principalmente em praias que tenham a foz dos rios por perto. Segundo informação, os jigs  de tamanho pequeno são os mais indicados. As cores não importam muito e também não precisam da cabeça de chumbo. Os que nele vêm inseridos em seu corpo são o bastante, para um perfeito trabalho.

Revista Aruanã Ed:39 Publicada em 04/1994